Como não temer que as filhas adolescentes pensem em emagrecer para serem aceitas?
Como não temer que as filhas adolescentes ouçam cantadas nojentas ou pensem em emagrecer para serem aceitas? Nossas colaboradoras listam essas e outras coisas apavorantes
Outro dia conversava com um amigo, um cara inteligente e bacana, sobre os livros que tenho lido. Por fim, ele me disse: “Tenho medo de feminista”. E fiquei pensando em medos. E nas coisas de que tenho medo. É mais ou menos assim: tenho medo de namorados que acham que podem matar namoradas. Eu tenho medo de crimes “passionais” que são mais ou menos regra. Eu tenho medo do que podem chamar de honra. Eu tenho medo de pais que saem para passear de avião com suas filhas. Eu tenho medo de padrastos tarados, de pais, irmãos, tios e cunhados idem. Tenho medo da invisibilidade e da impunidade cotidiana. Eu tenho medo de quem não respeita criança. Eu tenho medo de dogmas. Eu tenho medo da Igreja católica. Tenho medo de que uma mulher seja obrigada a levar uma gravidez a termo, mesmo que ela seja fruto da maior violência que alguém pode sofrer.
Tenho medo de estradas e de pessoas agressivas ao volante. Eu tenho medo de armas e das coisas que homens malucos podem fazer com elas. Tenho medo de polícia e de bandido. Tenho medo de uma justiça que só serve para alguns. Tenho medo de que minhas filhas tenham que ouvir as mesmas cantadas nojentas que sempre ouvi de desconhecidos. Tenho medo de que elas sejam vistas como coisas. Eu tenho medo de que elas achem que precisam ter 40 quilos pra se sentirem bonitas. Tenho medo da quantidade de silicone implantada nos peitos femininos. Tenho medo de ser confundida com uma fruta qualquer. Tenho medo dessa mania de plástica, de Botox e da proibição à velhice para as mulheres. E de muitas outras coisas.
Mas de feminista, meu amigo, não tenho medo, não.