Oi, você gosta de poesia?

por Fernanda Paola

Andréia Horta, a protagonista de Alice, seriado da HBO, é, além de atriz, poeta

Andréia Horta, a protagonista de Alice, seriado da HBO, é, além de atriz, poeta. Conversamos com ela sobre literatura e ainda registramos em vídeo a escritora (e as mulheres de sua vida) declamando alguns de seus poemas

Andréia Horta, a Alice, do seriado homônimo da HBO, é assunto pra todo mundo falar. Natural, já que a mineira de 25 anos até então só tinha feito novelas na Record, e agora é protagonista de uma superprodução televisiva, que trabalha com recursos de cinema e com diretores – Karim Aïnouz e Sérgio Machado – da mais alta estirpe. Além disso, ela nasceu para ser Alice. Foi escolhida entre milhares de meninas e depois de meses de testes. “O teste aconteceu em um dia que eu fiquei das nove da manhã às nove da noite gravando cenas do último capítulo de Alta Estação [novela na Record]. Peguei a última ponte, fui até São Paulo e fiz o teste das 11 da noite às 2 da manhã. E aí rolou...”, conta.

Mas, além da Alice, existe a Andréia escritora. Ou poeta. Há dois anos, depois de cursar faculdade de artes cênicas em São Paulo, ela estava “megadura”, quando resolveu juntar uns escritos seus e sair vendendo, no melhor estilo “Oi-você-gosta-de-poesia?”. “Estava desempregada e tinha várias coisas escritas. Reuni e lancei independente. Vendia em todo lugar. Estava em todas as festinhas de amigos e, quando davam umas três da manhã, e todo mundo já estava 'breaco', eu sacava o livro e vendia que era uma beleza”, conta.

Deu tão certo que o livro intitulado Humana-Flor teve uma segunda tiragem e, hoje,  chega à terceira, com roupagem mais bonita. O livro, que vem num saquinho de chita, com diferentes opções de estampa, tem 50 poemas novos, e alguns, mais queridos, que participaram das outras duas edições. Andréia recebeu a TV Tpm para filmá-la declamando alguns de seus poemas, no dia do lançamento do livro, em São Paulo.




“Não sei de onde vem a veia escritora. Tem coisas que devem vir inclusas no pacote, né? Eu nunca havia pensado em escrever profissionalmente, simplesmente escrevia algumas coisas pra mim. Quando juntei tudo que tinha percebi que os escritos já tinham uma cara, uma narradora neles”



“Adélia Prado é incrível. É mineira, assim como eu, e sempre que leio Adélia é como se ela tivesse falando de mim, das minhas tias, da minha mãe. Todo o universo da Adélia é muito próximo do meu, e ela trata o feminino num lugar que é impressionante. Adoro”



“É maluco isso. Pra mim, ser artista é um ofício, uma oportunidade de representar o homem do seu tempo, ser a voz do homem do seu tempo. Seja num filme, escrevendo alguma coisa, fazendo uma música”

“Os poemas que escrevo são como exercício, dramaturgia. Tem um poema que é a oração de senhora idosa que perdeu o homem com quem viveu a vida toda e ela está pedindo a Deus para morrer junto. É um exercício dramatúrgico, não eu desabafando de mim”

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