por: Intimus

O sangue nosso de cada ciclo

apresentado por Intimus

No Brasil, 713 mil meninas vivem sem banheiro ou chuveiro em casa e mais de 4 milhões não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas

Uma menina cochicha com outra na sala de aula. Começa aquele burburinho e as amigas vão passando um objeto de mão em mão, ora escondido na manga comprida do moletom, ora dentro de um caderno. Parece até algo proibido, mas é só um absorvente íntimo. Quem nunca viveu uma cena parecida com esta? Ter vergonha da menstruação – e de tudo o que gira em torno dela – é um estigma que nos acompanha há gerações. E as consequências impactam toda a sociedade.

Seja por falta de acesso à informação, por vergonha ou por falta de condições básicas de higiene, como acesso à água ou a absorventes, 62% das pessoas que menstruam afirmam que já deixaram de ir à escola ou outros lugares por causa da menstruação e 73% já sentiram constrangimento por conta disso. Os dados são de pesquisa realizada pelo Unicef e pelo Fundo de População das Nações Unidas, por meio da plataforma U-Report.

A produtora de conteúdo Luana Carvalho, 23, sentiu esse estigma na pele desde muito nova. “Menstruei aos 9 anos e fui ensinada desde então que meu sangue era algo impuro, sujo e que eu deveria ficar reclusa. Apesar de sermos três mulheres em casa, precisávamos esconder do meu avô, único homem, qualquer vestígio da menstruação”, conta.

Luana não podia deixar ninguém saber que estava menstruada, não podia vestir nenhuma roupa que marcasse o absorvente e ninguém poderia tocá-la. “Conhecer e ter acesso ao nosso corpo ainda é um afronta”, critica Luana, criadora da hashtag #GordaNãoPode, em que ironiza as regras inventadas para os corpos gordos no Instagram.

Neia Garcia, 43, cozinheira e mãe de dois filhos e três filhas em idade menstrual, também sofreu com a falta de informação quando entrou na menarca. Assustada e sem saber o que era aquele sangue todo, aos 9 anos, achou que estava machucada. Passou a usar roupas largas para esconder o corpo – que começava a ganhar formas – e para disfarçar o sangue que escorria pela roupa, já que a única forma de o conter era por meio de retalhos de tecido.

“Lembro da minha avó lavando esses paninhos todo mês, até ficarem bem branquinhos. Eram pedaços de lençóis e camisetas velhas. Não sobrava dinheiro em casa para o absorvente”, recorda a cozinheira. Para tentar evitar os vazamentos frequentes na época escolar, Neia colocava uma sacola plástica envolvendo a calcinha. O tempo passou, mas pouca coisa mudou. Quando suas filhas mais velhas ainda moravam com ela, muitas vezes faltou dinheiro para a compra dos itens de higiene íntima. “Elas já deixaram de ir para a escola várias vezes por conta disso. E eu já faltei ao trabalho por ter minha calça manchada, ainda no ponto de ônibus”, revela.

Dignidade Menstrual

No Brasil, 713 mil meninas vivem sem banheiro ou chuveiro em casa e mais de 4 milhões não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas, como absorventes e banheiros com água e sabonete. Ou seja, não possuem dignidade menstrual – direito que cada pessoa que menstrua tem a: recursos e infraestrutura, como escola e moradia digna, com água, higiene e saneamento básico; itens de higiene íntima, como absorventes e coletores menstruais; e acesso à informação – incluindo sexual e reprodutiva.

Os dados são da pesquisa Pobreza Menstrual no Brasil: Desigualdade e Violações de Direitos, lançada em maio de 2021 pelo Unicef e UNFPA. O relatório lembra que a ausência de dignidade menstrual afeta a dignidade, a integridade corporal, a saúde e o bem-estar, sendo um desrespeito aos direitos humanos e uma condição que distancia o país do alcance dos Objetivos de Desenvolvimento nos quesitos saúde e ao bem-estar, acesso a água potável e saneamento e igualdade de gênero e empoderamento de meninas e mulheres.

Políticas Públicas

Joceline Conrado, psicanalista e facilitadora da ONG Plan International, organização global que trabalha para promover os direitos da criança e a igualdade para as meninas, lembra que é impossível pensar em dignidade menstrual sem falar de políticas públicas. “A quem interessa o corpo que sangra? Quem são as mulheres que têm o direito a sangrar?”, questiona, lembrando que são as mulheres negras, não brancas, em situação de rua, encarceradas e a população trans as mais vulneráveis à dignidade menstrual.

Ela lamenta a falta de políticas públicas como medidas mais amplas: “É um controle de corpos, extremamente violento. É uma declaração de silenciamento e marginalização de quem menstrua”, critica. Se tivéssemos mais mulheres na política e em posições de poder, o jogo talvez fosse outro, de acordo com a fundadora da produtora baiana Olhos Abertos, Larissa Fulana de Tal, 31: “É aquela velha questão: quem está no poder são homens brancos, cis, hétero. E tudo o que é alheio a isso é silenciado”. 

Ações

Para minimizar a pobreza menstrual e propiciar dignidade menstrual a mais pessoas que menstruam, Intimus®, marca de cuidados femininos da Kimberly-Clark Brasil, já promoveu a distribuição de mais de 3,5 milhões de absorventes. Somente em 2020 foram 1,8 milhão de absorventes, protetores diários e cartilhas sobre educação menstrual para mais de 40 mil mulheres e meninas que vivem em situação de vulnerabilidade em comunidades da Bahia, Piauí, Maranhão e São Paulo, em parceria com a ONG Plan International e a entidade Arca+. Já no último ano, a marca doou 1 milhão de absorventes para o Programa Dignidade Íntima, do governo de São Paulo.

A iniciativa, que beneficiou mais de 100 mil estudantes do Estado durante o segundo semestre de 2021, contou também com a distribuição de cards educacionais sobre o ciclo menstrual e a saúde íntima. Todas essas ações fazem parte da iniciativa Ela Pode, programa social da marca na América Latina, que contribui com o questionamento dos estigmas da menstruação, democratiza a educação sobre higiene íntima e defende as escolhas das mulheres de serem o que elas quiserem.

Filmes sobre a ppk

Com o intuito de ampliar o acesso à informação, Intimus® idealizou o Curta o Ciclo, festival de vídeos para falar sobre saúde íntima, autocuidado, sexualidade e dignidade menstrual de forma leve e informativa. Cinco coletivos de diferentes regiões do país vão lançar um filme sobre a temática, como a Olhos Abertos. “Reunimos uma equipe bem diversa, com mulheres negras e trans, para criar um vídeo-carta-poética para si, nesse lugar do autocuidado”, revela Larissa. Ela adianta que o filme, a ser lançado em breve redes sociais de Intimus®, vai trazer dois elementos norteadores: o espelho, como objeto para entender nossa relação com o corpo, e a água, como metáfora para fluidez e lavagem.

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