por Ana Manfrinatto

O primeiro encontro com um leitor a gente nunca esquece!


Eu tenho um blog: esse aqui, o Nos Ares. Eu tenho leitores: não sei quantos, o que eles buscam, se eles encontram e nem se eles estão satisfeitos. Também sou um ser humano (ah, jura?) e tenho crises: por quê escrever? É mesmo relevante para o público? Não tenho tempo pra escreverrrr!

Enfim, isso deve acontecer com todo e qualquer ser humano que, como eu, cultiva algumas olheiras e espanca teclados – o que, no meu caso, é o meu ganha-pão. Daí que eu tenho um fiel leitor chamado Fábio. Ele sempre comenta por aqui e começou a me seguir no Twitter. O segui de volta.

Resulta que ele tem 21 anos, é estudante de jornalismo na mesma faculdade onde eu me formei, a Cásper Líbero, e ama Buenos Aires. Tirando o Brasil, a Argentina é o único país que ele conhece. Foi paixão a primeira vista, já que ele pretende pegar o diploma e se mandar pra cá.

E na semana passada ele esteve aqui pela segunda (ou terceira) vez para fazer um curso dedicado a aspirantes de correspondente internacional. Ele visitou redações locais, teve palestras com correspondentes de diversos países e teve que fazer uma série de matérias. Escolheu o Peronismo como tema, coisa que eu nunca escolheria, dada a complexidade do mesmo.

E numa dessas, pelo Twitter, a gente combinou de se encontrar. Isso foi na quinta-feira da semana passada, em um bar de San Telmo. Ambos estavam cansados e haviam dormido pouco na noite anterior – ele porque ficou batendo uma matéria para o curso e, eu, porque havia recebido um casal de amigos de São Paulo em casa.

Apresentei a bebida argentina por excelência pra ele, o fernet com Coca-Cola, e ele adorou. O resto é história. Ele me contou sobre a faculdade, sobre o sonho de trocar o Brasil pela Argentina, sobre as suas pretensões profissionais... ao mesmo tempo ele parecia escolher as palavras para falar comigo, me olhava como sendo um ser humano diferente (mais velho?). Super atento.

E tem como não lembrar de quando a gente tinha essa idade? Dos sonhos da época de faculdade, do que a gente conquistou ou não, daqueles zoinhos curiosos de quem está descobrindo o mundo?

Lembrei de uma vez – eu devia ter uns 16 ou 17 anos – que eu encontrei o Zeca Camargo na rua. Porra, o mano viajava o mundo inteiro fazendo matérias, coisa fantástica. Daí eu fui lá perguntar pra ele o que um bom jornalista deveria ter. Ele disse que deveria viajar muito, viver muito, estar na rua.

E isso é o que o jornalista não deve perder, né? Porque se eu tivesse me entregado ao sono e cancelado o encontro com o Fábio, eu não teria lembrado da Ana de 18 anos que, com calça de moletom e brinco de filtro dos sonhos subia as escadarias da Fundação Cásper Líbero pra aprender uma profissão, conhecer grandes e não tão grandes profissionais, colegas de todo o país, amigos da vida inteira e, sobretudo, que queria realizar um sonho.

Esse post é um PARABÉNS pro Fábio e uma ode à curiosidade :-)

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