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O coelhinho da páscoa é brasileiro

Na contramão dos que vieram passar o feriado em Buenos Aires, esta blogueira foi pro Brasil

Interagindo e fazendo uma performance

a obra enquanto ovo e eu enquanto bombom


Por Ana Manfrinatto

em 5 de abril de 2010

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Interagindo e fazendo uma performance
a obra enquanto ovo e eu enquanto bombom
Party polonesa no Bosque do Papa no sábado de aleluia
Party polonesa no Bosque do Papa no sábado de aleluia
Brincando de tirar foto da sombra
Brincando de tirar foto da sombra
Uma das muitas casinhas com roseiras
Uma das muitas casinhas com roseiras
Acho o máximo pedir uma porrrção
Acho o máximo pedir uma porrrção
Registrando os locais
Registrando os locais
Da categoria poesia da vida, frase do pintor equatoriano Guayasamín
Da categoria poesia da vida, frase do pintor equatoriano Guayasamín
Pude comprovar que observar araras e pentear macaco (ou a Neguinha, minha cachorra) é terapêutico!
Pude comprovar que observar araras e pentear macaco (ou a Neguinha, minha cachorra) é terapêutico!
Quase uma meditação
Quase uma meditação

O feriado de páscoa aqui na Argentina começa na quinta-feira e é o único do ano que tem quatro dias. É por isso que, na quarta à noite, as rodovias locais General Paz e Panamericana pareciam a Dutra, a Imigrantes ou a Castelo Branco em véspera de carnaval: um caos devido ao êxodo de portenhos que se mandaram daqui de Buenos Aires.

Em busca de bel far niente, peguei um vôo com destino a Curitiba e voltei feliz da vida e com as “pilas recargadas” (pilhas recarregadas, em português) depois de descansar, passear, desfrutar da poesia da vida e comer como um padre.

Sem querer fazer publicidade gratuita mas já fazendo, a dose de brasilidade não começou na terra brasilis mas sim no ar, onde eu tomei Guaraná Antarctica e pude ler a revista da Gol de cabo à rabo. Eu já devo ter dito por aqui que eu não sou destas pessoas que tem saudades de feijão, mas, “em tendo” a possibilidade de consumir produtos made in Brazil, não vou tomar Coca-Cola nem suco de pomelo (um laranjão azedinho super comum aqui na Argentina).

Assim sendo, me joguei no requeijão, no suco de maracujá e no Mate Leão. Da mesma maneira que me joguei na pizza de frango com Catupiry e na porção de bolinho de aipim com queijo e cerveja gelada de verdade. Também comi feijoada sem os pertence (assim mesmo, no singular e com sotaque caipira) no Cana Benta, um desses restaurantes com chorinho ao vivo e boa carta de cachaças ideais para almoços intermináveis de sábado com uma turma grande de amigos.

Porque confort food de verdade é um prato (ou três) de arroz, feijão, couve, laranja, farofa, polenta e banana à milanesa com pimentinha caseira por cima. É tudo tão intenso que os sentidos ficam atordoados, o corpo concentra todas as poucas energias de um sábado à tarde na digestão e, por consequência, os pensamentos vão para bem longe. É quase uma meditação. Só que muito mais gostoso e calórico.

É aí que entra o descansar e a poesia da vida. Porque depois de uma feijoada, nada melhor do que dar uma volta no museu (neste caso o escolhido foi o Oscar Niemeyer) e no parque. Este último, por sua vez, era o chamado “Bosque do Papa”, que ganhou tal denominação nos anos 80 devido à visita do Papa João Paulo II à cidade. Neste então a prefeitura importou umas casinhas de madeira da Polônia e uniu a visita do pontífice ao fato de Curitiba ter uma grande comunidade polonesa para então criar o bosque e oferecê-lo a Karol Vojtyla.

E enfim, nesta tarde tava rolando uma missa e apresentações de dança folclórica polonesa com direito a descendentes loirinhos e roupas típicas lindas cheias de bordados. Também tinha uma feira de comidas polonesas. Pena que eu estava com a pança cheia e não pude provar nenhum docinho…

E assim como passear no bosque rodeada por crianças vestindo trajes típicos, pude caminhar por ruas cheias de araucárias e casas com roseiras, também pude observar (e fazer cócegas na barriga de) vários tipos de araras no Passeio Público, enfim, tudo muito gostoso e terapêutico.

Ok, nem tudo foi tão bucólico assim. Na minha incursão curitibana pude ir a um bar com bandas ao vivo onde o que pega é a galera se produzir para não entrar no lugar mas sim para ficar na rua tomando cerveja comprada no estabelecimento ao lado – que na verdade é a garagem de uma senhora vizinha que, cansada de passar as noites em claro por causa do barulho da rua, resolveu pensar no lado positivo das coisas e faturar com um isopor de drinques e uma máquina de karaokê.

E, por outro lado, fiz umas comprinhas no supermercado, nas Lojas Americanas e no freeshop na volta. Falando em volta, meu almoço de páscoa foi o sanduichinho do avião. Porque, como diz o tango, para Buenos Aires siempre hay un regreso.