Na dúvida sobre como presentear aquela pessoa obcecada por comida?

Eu não gosto de Natal. Se tirassem de cena o trânsito, o clima muito quente (ou muito frio, você escolhe) e o compra-compra descontrolado, talvez eu pensasse diferente. 

Mas gosto da comida e dos presentes. Pode ser? 

Parece mesmo meio incongruente reclamar de compra-compra e gostar das duas coisas acima. Mas acho que elas funcionam como uma compensação pelo grande estresse que é toda a organização do Natal e as crises familiares que sempre passam para dar um beijo. É a comida que conforta e o presente, escolhido com amor e carinho, amolece até corações de pedra como o meu.

Já dissemos: “esse ano sem presentes”. Tá todo mundo duro e sem tempo. No final das contas, o grande presente é estar junto, certo? Mas eu tenho na cabeça uma lista de coisinhas que realmente não me importaria de ganhar. 

Compartilho aqui porque talvez essa lista te ajude na hora de presentear alguém que seja obcecado por comida, inclusive você mesma. Veja só:

Papai Noel, eu seria uma garota feliz se...

1. Ganhasse um jantar num restaurante que namoro há tempos, que eu amo ou que nunca visitei. Pode ser o Fasano (só). Mas também pode ser o Spago, que acabou de abrir e que tem uma proposta divertida de comida italiana com pegada dos Estados Unidos. Ou também pode ser um lanche da madrugada num botecão querido. Ou num japonês escondido.

2. Na rua onde eu moro tem uma loja da KitchenAid. Aquelas batedeiras magníficas, eu juro, vivem me seduzindo. Será que um dia eu terei uma só pra mim? Prometo usá-la ainda mais que a máquina de fazer pão que ganhei no meu último aniversário. Se não for possível, aceito uma máquina de fazer sorvete.

3. Imagine como não poderia fazer muitas pessoas felizes se ganhasse uma panela Le Creuset? De ferro fundido, pesada, resistente e lindamente esmaltada. Ela ficaria no fogão e entraria no forno. Dentro dela, ensopados, cozidos, carnes bem úmidas... Já vi tudo.

4. Por falar em panelas, faz tempo que eu namoro um tajine. De novo, minha sobrevivência não depende totalmente dele. Mas imagine como eu posso fazer jantares marroquinos muito mais glamorosos? 

5. Papai Noel, azeda que sou, preciso de coisas divertidas na minha cozinha para manter meu humor numa dose operante e de acordo com a sociedade. Meu ímã de facas já está lotado, sabe? Acho que um cepo com facas ABS Voodoo Raffaelle Ianello me deixaria muito feliz.

6. Minha coleção de cortadores de biscoitos já tem bonequinhos dos faróis de Berlim, símbolos de Natal e coisas fofinhas. Acredito piamente que eles ficariam felizes com a chegada de um Ninja no pedaço.

7. Eu sei que já tenho um pilãozinho e um almofariz de cerâmica. Ele é honesto e funciona para pequenas tarefas. Mas eu juro: às vezes preciso pilar muitos temperos. E com força. Tenho certeza que um assim seria ideal...

8. Verdade. Eu tenho um monte de livros de culinária. Mas é verdade também que eles não juntam pó e vivo consultando-os. Esse ano eu finalmente tive o deleite de ler e manusear o Viagem Gastronômica Através do Brasil, do Caloca Fernandes. Infelizmente ele precisou ser devolvido. Minha biblioteca não poderia carecer de livros brasileiros, certo? ;-) 

9. Temperos nunca são demais. Há lojas especializadas e chiques, como a Bombay. Mas há também as feiras livres e mercadões. Se você não tiver certeza sobre a pimenta-da-jamaica ou a fava de baunilha, pode também me deixar sozinha num lugar desses com passe livre por uma hora. Serei uma mulher feliz.

10. Por fim, Papai Noel, se você quiser ser realmente generoso, deixe-me participar da ceia de Natal. Se não puder fazê-la sozinha e completamente, deixe que eu contribua ao menos com UM pratinho. Parece bobagem e nem parece presente ter que cozinhar para um monte de gente. Mas eu digo: não há nada mais caótico, enlouquecedor e satisfatório que ver seu tão sonhado pratinho natalino sendo apreciado por aqueles que você ama.

Gabriela Sampaio Fergusson, 34 anos, é jornalista especializada em Gastronomia e Tecnologia e mantém o tumblr Céu da Boca http://ceudaboca.tumblr.com

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