Essa já era uma data cafona; regada pelo romantismo gourmet perde qualquer nesga de bom senso.
O Dia dos Namorados é cafona. Pode ser uma cafonice que você gosta, beleza. Mas é cafona. É um tal de engarrafamentos em bancas de flores, mensagens no Facebook atribuídas a poetas que não as escreveram e fondue, essa comida meio enjoativa que virou símbolo de romantismo. Só que agora o romantismo é gourmet. Hum.
O que seria romantismo gourmet? É o mais novo “caô” do mundo gourmetizado. Namorado gourmet que preste dá chocolates gourmet, brigadeiros gourmet e muitas minicoisas, tipo miniéclair de brigadeiro gourmet – porque agora míni também é gourmet.
E existem pacotes prontos com este nome: jantar romântico gourmet. Juro. Tá na propaganda. Você vai para um hotel gourmet, come um jantar gourmet, com saladas gourmet, minientradas, fondue e minidoces e depois assiste a filmes, tudo ao som de violino gourmet. O que seria um violino gourmet? Não sabemos!
O que difere um presente gourmet de um não gourmet? Uma caixa de brigadeiro gourmet, por exemplo, tem tampa de “acetate”, chocolate belga e a decoração é feita de pasta americana.
No quesito gourmet, parece que o segredo é só colocar chocolate importado mesmo. E para isso, claro, já existe receita de fondue de chocolate Lindt (megagourmet). Que soem os violinos, as cervejas gourmet e os talheres (de fondue, claro). Se vai melhorar? Não creio. Ano que vem vai vir a flor gourmet!