Massagista e professor de yoga, Fernando abriu a casa e o sorriso largo e ainda nos ofereceu um café
O coque no topo da cabeça anuncia que Fernando Pacheco, 34 anos, está na moda. Não que ele se preo-cupe com isso, mas, de repente, em pleno 2014, seu jeito feminino e vastamente criticado por familiares de prender a longa cabeleira ficou hype. “Fazer o quê?”, ele questiona sorrindo. O coque tomou sua cabeça há 10 anos, quando lutava aikido e se inspirou nos samurais. Fernando é um cara físico. É professor de ioga, massagista ayurvédico e surfa nas horas vagas. Fez faculdade de desenho industrial e montou uma marcenaria junto com um amigo. Mas as horas na lixadeira não foram suficientes para colocar o corpo em alinhamento com a cabeça. “Fiquei seis anos nessa. Mas teve um momento em que o design ficou chato. Era um mundo muito cheio de egoísmo, eu não me identificava”, lembra. “Pra mim, a marcenaria funciona mais como uma terapia. Adoro cortar, lixar, cuidar do acabamento, mas não profissionalmente.”
A ioga e a ayurveda foram as atividades que de fato deram o clique em Fernando. Na busca pelo respeito ao outro e por uma relação mais sincera com o mundo a nova carreira tinha mais a oferecer. “Penso muito na vida em harmonia com o meio onde ela acontece”, diz. Mas, mesmo dando diversas aulas de ioga por semana e buscando inspiração e conhecimento em bons mestres, Fernando faz uma autocrítica: “Sei que muitas vezes sou do avesso na ioga, mas isso não me faz pior. Não sou o cara que só anda com a galera da ioga
e só fala disso. Hoje, por exemplo, não sou mais vegetariano. Fiz essa escolha por ter certeza de que minha sintonia com o mundo dependia dela”, diz. Fernando ficou sem comer carne por 4 anos, mas depois de muito sofrimento resolveu rever esse conceito e aceitar sua diferença. “Acho mais importante fazer minha própria comida, ir à feira e comer de forma saudável do que me privar da carne. Para ser íntegro preciso dela”, diz. “A medicina ayurvédica é muito respeitosa com as diferenças das pessoas, e eu gosto disso.”
Além do surf, religioso sempre que a rotina permite uma escapada até Guaratuba, no litoral paulista, Fernando é chegado em um arrasta-pé. “Bati muito cartão pro Trio Virgulino. Hoje estou mais devagar, a resistência já não é a mesma, mas ainda adoro um forró”, conta o moço que faz sucesso no salão. Solteiro há seis anos, Fernando está num momento livre, praticando o desapego e espalhando seu sorriso largo. “Sempre que namoro, acho que vou casar, levo super a sério.
Mas tô tirando um tempinho pra mim”, diz gargalhando. “Filhos? Lá pra uns 40, né? Sem pressa”, diz e logo emenda algumas histórias dos sobrinhos, um deles palmeirense, mas que Fernando garante que vai transformar em corintiano. “Calma, tudo no seu tempo. Vamos trazê-lo pro lado de cá.”
Num misto de ansiedade e tensão, Fernando recebeu a fotógrafa em sua casa e garante que morreu de vergonha. “Foi bacana, algo fora do script, mas tive dificuldade em me sentir bonito, de ficar à vontade. O pior foi pensar na galera do Brooklin vendo a revista e tirando um sarro”, diz rindo.
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