Música de vanguarda

por Fernanda Paola
Tpm #72

Fernanda Takai acaba de lançar o seu primeiro disco solo, no qual in­terpreta Nara Leão

Fernanda Takai acaba de lançar o seu primeiro disco solo, no qual in­terpreta Nara Leão. Aqui, um ­ba­te-papo musical prova que qualquer semelha­n­ça­ entre as duas pode não ser mera coincidência

por Fernanda Paola

Depois de 15 anos à frente da banda alternativa Pato Fu, Fernanda Takai, 36, se apre­­senta só. O marido e companheiro de ban­­da, John Ulhoa, produziu o disco. Lulu Ca­margo ajudou a arranjar, Roberto Me­nes­­cal tocou guitarra, Nelson Motta idealizou, mas Fernanda, pela primeira vez, fez um disco inteiro de intérprete, no qual canta músicas que foram imortalizadas na voz de Nara Leão. Onde Brilhem os Olhos Seus é mais pop, mais Fernanda, mas ainda Nara.

Tpm. Conte como surgiu a idéia de gra­var músicas que ficaram famosas na voz de Nara Leão.
Fernanda Takai.
A idéia foi do Nelson Motta, que me mandou um e-mail no fim de 2006 dizendo que tinha um sonho re­corrente de fazer um disco dedicado à Nara Leão, e que achava que eu era a pessoa ideal para isso. Mas naquele momento eu estava trabalhando em um disco com o Pato Fu, que foi lançado neste ano. Fui ao Rio conversar com ele e falei do medo que tinha de fazer carreira solo com a banda em ati­vi­­dade, ainda mais lançando um disco no mesmo ano. Foi muito bacana porque, além da coincidência de eu ter escutado muito Na­­ra quando criança, a gente não te­ria cro­nograma específico para lançar, pois não ti­nha gravadora por trás. Fiquei mais tranqüila, e achei a idéia boa.

Os arranjos do John saíram do convencional, cada música ficou com uma nova identidade, mais moderna, digamos. Essa foi a tô­nica do dis­co. As músicas ganharam arranjos bem diferentes do original. Muito disso foi por conta do universo pop, que é o meu universo e do John, que foi o produtor musical. A gente não sabe tocar cho­ri­nho, fazer samba. Traduzimos as canções para a sonoridade que estamos habituados a fazer.

Você ouvia uma K7 de canções de Nara quando era pequena. Lembra por que aquela fita era especial para você? Meu pai era filho de japoneses, não sabia tocar nenhum instrumento, mas ti­nha um gosto musical muito bom. Ele colocava pra tocar em casa Nara Leão, Paulinho da Viola, Chico Buarque. Fui sempre estimulada a conhecer coisas boas. E essa fita da Nara ficava no meu gra­vadorzinho e tenho até hoje. Tanto que a capa se esmigalhou. E “Debaixo dos Caracóis...” era minha música de dormir.

Onde Brilhem os Olhos Seus é seu primeiro trabalho solo, e você se apresenta como intérprete pela primeira vez depois de 15 anos à frente do Pato Fu. Como encara a experiência? É meu pri­meiro disco solo, que talvez vá me apresentar para um bocado de gente que não ouve Pato Fu e que não me conhece como intérprete. Esse disco dedicado à Nara vem com uma outra possibilidade profissional para mim. Uma outra forma de me mostrar.

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