O que fazer com esses seres que, do nada, querem fazer chapinha e usar salto aos 13 anos?
Antigamente não existiam adolescentes. Ou você era criança ou adulto. Mas agora temos o bebezinho, o bebê, a criança pequena, a criança grande, o pré-adolescente e o adolescente. Desse jeito, a indústria, o mercado editorial, a moda e a publicidade vendem mais. Mas, OK, nós acreditamos em pré-adolescentes. E gostamos desses seres. É uma idade fofa para filhos, como todas. Mas estamos descobrindo como sobreviver a ela. Não a nossa, que já passou faz tempo, mas a das nossas filhas.
É mais ou menos assim: a pessoa já não é tão dependente. Bom momento pra você fazer outras coisas, tipo ensiná-la a ficar mais independente ainda; o(a) pré-adola costuma ser uma pessoa mais gregária, isto é, você vai sempre ter um(a) amiguinho(a) por perto. O que pode ser bastante divertido, se a outra criança for legal; a pequena pessoa pode querer coisas que nunca fez antes, como pintar as unhas ou os cabelos. A gente acha que até vale como brincadeira, mas não como rotina. Ela ainda vai ter muito tempo pra ir ao salão de beleza. Se quiser, pode ainda querer mimos estranhos, como uma chapinha, por exemplo. Ou um sapato de salto. Respire fundo e solte devagar, para não estragar o penteado dela; as meninas mais molecas costumam continuar molecas, e isso é meio pra vida toda; é uma época boa para aplicar umas leituras menos infantis, uns filmes mais cabeças, uns programas mais interessantes. Dá até para levar o pré-adola a uma festinha adulta light. Leve um livro ou um aparelho qualquer com internet (filha de nerd, nerd é).
Sim, a pré-adolescência é também uma pré-aborrescência, mas não tão chata assim. Portanto, aproveite. As coisas podem piorar. Ou até melhorar. Você pode, por exemplo, pegar emprestado aquele par de tênis descolado dela. Afinal de contas, ter filhas chegando à adolescência nem sempre quer dizer que a sua tenha acabado de vez.