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Mineirinha do wake

por Luíza Karam

Não se deixe enganar pelo rosto de boneca e a fala mansa: Teca Lobato arrasa no wakeboard

Todo dia, ela acorda às 7 horas da manhã e, sem perder tempo, parte para a lagoa dos Ingleses, a vinte minutos de sua casa, em Belo Horizonte. O ritual preparatório também é sempre o mesmo: aquecimento, pensamento positivo e só então ela cai na água. Apesar de manter esse ritmo de segunda a domingo, a moça garante: “Não tenho rotina. Tem dias em que aparece alguém para ter aulas; em outros, vou à lagoa com meus amigos. E sempre progrido um pouco mais".

Ela é Tereza Lobato Anastasia, a wakeboarder Teca, que, aos 23 anos, já conquistou dez títulos em competições de wake – incluindo a de campeã brasileira 2008 e de vice-campeã mineira 2007, competindo somente contra homens.

Nascida em Belo Horizonte, Teca se apaixonou cedo por esportes de prancha e, aos 13 anos, começou a andar de skate. Participou de algumas competições no longboard até que, três anos depois, foi a vez de jogar a prancha na água.
Convidada por um amigo para ir ao clube Serra da Moeda, às margens da lagoa dos Ingleses, Teca conheceu o novo esporte. “Na primeira vez em que andei de wake fui péssima”, admite. Mas não desanimou. Munida da persistência que lhe é peculiar, a menina passou a praticar todo dia. Sem qualquer equipamento, Teca se sentava à beira da lagoa e esperava por alguém que pudesse lhe emprestar prancha, corda e barco – necessários para a prática do wakeboard. Quando se deu conta de que tinha encontrado o que gostaria de fazer pela vida toda, a mineira se mudou para o sítio do avô, que é quase vizinho do Serra da Moeda. “Fui viver no meio do mato, para só praticar wake. E Foi a melhor coisa que fiz.” Ela evoluiu no esporte. Passou a executar manobras com precisão e a competir, até que, aos 17 anos, foi campeão mineira e, no ano seguinte, repetiu o feito.

“Sempre fui muito incentivada, inclusive pelos homens. Sou muito esforçada e isso é visível, por isso me valorizam”

Em 2007, Teca começou a disputar campeonatos mineiros exclusivamente masculinos. Sua fala mansa (típica mineira) e beleza, no entanto, não lhe renderam a taxação de “café com leite”. “Sempre fui muito incentivada, inclusive pelos homens. Sou muito esforçada e isso é visível, por isso me valorizam”, orgulha-se. Hoje, ela é uma das poucas competidoras que acertam invertidos (mortais) em campeonatos.

Paralelamente aos treinos e disputas, Teca cursava jornalismo e, hoje, sempre que pode, une o wake à profissão. “A última matéria que fiz, em fevereiro, foi sobre wake em cachoeira. Eu acabei estreando essa nova modalidade e fiz uma reportagem sobre o assunto”, conta ela. Há um mês, Teca comprou um barco e reabriu a escola B.Wake – que havia sido inaugurada em abril do ano passado e cuja programação foi interrompida por causa da falta de equipamento –, onde ensina wakeboard para crianças e adultos. Agora, além de preparar-se para o Sul-americano, que acontecerá no fim do mês, na Colômbia, ela toca a vida de empresária. “É bom ter um plano B. A escolinha me dá a segurança que precisava para continuar a minha vida em cima das pranchas.” 

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