Modelo que faz questão de ser careca embarca para sua primeira temporada longe de casa
São 54 kg distribuídos em 1,78m que não passam desapercebidos por onde quer que circule. A modelo Malana Freitas, 22, passa a impressão de uma mulher segura, sem medos e guerreira. Nada disso é mentira, mas a realidade explica que nem sempre foi assim.
Há não muito tempo ela era recepcionista de uma produtora de vídeos. Junto aos seis irmãos, sofreu com a morte precoce da mãe no ano de 2006. O pai nunca foi muito presente. "Minha avó fez e continua fazendo papel de pai e mãe", entrega Malana em um conversa por telefone com a Tpm.
Se dá a impressão que vamos contar a trajetória de uma mulher que lamenta os acontecimentos da vida, é melhor respirar fundo porque vem muita coisa pela frente. E só coisa boa!
Malana, que começou trabalhar aos 14 anos, ouviu a adolescência inteira que deveria considerar a possibilidade de ser modelo por conta da sua beleza, altura e corpo. "Eu preferi esperar um pouco, ter uma certa maturidade pra entrar no mundo na moda. Eu tinha muito medo da instabilidade da vida de modelo. Essa coisa de trabalhar num dia e no outro ficar em casa não era pra mim. Eu precisava trabalhar", explica. A insegurança foi embora assim que pisou na primeira agência em 2008, já com 17 anos. Além do medo da profissão, outra coisa que acabou ficando no passado foi seu nome verdadeiro. "Eu me chamo Vanessa De Freitas, mas aí um booker me viu e disse que com o meu perfil diferente eu não podia ter um nome tão comum. E aí ele sugeriu Malana, um nome havaiano que significa luz exuberante", conta.
No próprio ano que ingressou na profissão, Malana começou a colher os frutos positivos que só uma beleza excêntrica como a sua poderia gerar em tão pouco tempo. No mesmo 2008 faturou o terceiro lugar no Brazil's Next Top Model, reality show que tem como objetivo eleger uma top model para iniciar na carreira profissional. Daí vieram editoriais em revistas francesas, comercial da Natura, inúmeros desfiles e um boom para o mundo fashion em seu desfile, no ano de 2009, para a grife Neon no São Paulo Fashion Week. Malana foi a sensação da temporada ao desfilar com o bumbum de fora e uma segurança de impressionar qualquer um. Detalhe: este era o primeiro desfile da paulista no SPFW. Seria uma grande injustiça não reconhecer que ela realmente nasceu para a passarela.
Devoção pela careca
Estamos na era dos cortes variados, xampus e tinturas para todo tipo de cabelo e sempre vem alguém com aquela frase que nós, mulheres, ouvimos nossa vida toda: "o cabelo é a moldura do rosto". Mas é claro que Malana não seria como todas. "Quando eu me tornei a Malana meu cabelo era black power, só que um dia eu sonhei que era careca. Pra completar, folheando uma revista vi uma foto da Alek Wek, uma modelo do Sudão lindíssima. Assim como eu, ela é negra e careca. Não demorou muito pra eu criar coragem pra cometer a loucura. Entrei em um salão, paguei R$5 e raspei", conta.
"Nos primeiros dias eu não via beleza naquilo que eu tinha feito. Existe aquele enigma que mulher tem que ter cabelo pra se sentir feminina. Eu achei até que fosse entrar em depressão, mas depois fui me acostumando, me adaptando e mais do que isso, criei outro estilo. Parece que cortar o meu cabelo fez com que eu me libertasse daquela menina fechada que eu era. Raspei a cabeça e consegui me libertar de mim mesma", explica enfática. Atualmente, Malana raspa seu cabelo uma vez por semana, sozinha, em seu apartamento no bairro de Pinheiros.
Do Jardim Saúde para o mundo
Na última semana Malana cometeu mais uma das loucuras das quais sua vida se acostumou. Fez as malas com destino a Nova York. Ficará lá até o final do ano, depois volta para rever a família e já no início de 2012 embarcará para Londres e Paris para finalmente dar o start na sua carreira internacional. "Estou indo pra NY com duas opções de agências, mas como meu perfil é muito específico, eu quero analisar pessoalmente pra entender qual é a melhor", explica.
Acostumada com a casa cheia no Jardim da Saúde, bairro da zona sul de São Paulo, Malana embarcou para viver sem a intimidade familiar em um apartamento na Big Apple. "Como minha mãe sempre me disse, 'quando a água bate na bunda, a gente aprende a nadar'", disse. Não foi à toa que sua estreia foi logo com o bumbum de fora, né?