Loucas por Lúpulo

por Natacha Cortêz
Tpm #137

Cerveja e mulher combinam cada vez mais: aqui, histórias de garotas que apreciam - e fazem a bebida artesanalmente

Uma vez por mês, geralmente todo dia 15, a produtora culinária Tatu Damberg, 34, e a consultora de comunicação e beer sommelière Julia Reis, 28, se reúnem com outras seis garotas para tomar e fazer cerveja. Há três anos elas formaram a Maltemoiselles, uma confraria feminina dedicada ao lúpulo, ao malte, ao trigo e a todo e qualquer ingrediente que sirva para uma receita da bebida.

Para Júlia, a coisa ficou séria: hoje é sócia de uma cervejaria-escola no bairro da Pompeia, em São Paulo, “ao lado de dois caras”, ri. Lá, ensina homens e mulheres sobre cerveja, e comemora: “O número de meninas nas aulas só tem crescido”.

A diretora de arte Haydee Uekubo, 32, não sabe dizer quando de fato se viu pedindo por cervejas mais elaboradas, mas lembra da primeira vez que falou em voz alta, e para uma plateia de um curso de empreendedorismo criativo que fazia na época: “faço cerveja”. E faz mesmo, há dois anos. A Clandestina é uma receita dela e do namorado. O rótulo tem tipografia e design da própria Haydee. E o conteúdo da garrafa é produzido em casa da forma mais artesanal possível. Já teve versão com mel, casca de laranja e camomila, e outra com gosto de café. Por enquanto, o casal produz pouco e usa a experiência e o feedback dos amigos para aprender mais. Mas há planos maiores para um futuro próximo. “Entre dois e cinco anos queremos profissionalizar tudo e fazer da Clandestina produto”, conta a publicitária.

Paladar feminino

Apesar da esmagadora maioria da publicidade feita sobre cerveja neste país ser dedicada ao público masculino, e de muitas vezes já termos ouvido que cerveja é bebida de homem, as meninas da Maltemoiselles desmistificam o assunto. “O universo do bar foi tido por muito tempo como masculino. Mas tem muita mulher que gosta de boteco e bebe bastante cerveja, das mais fortes”, diz Tatu, que incluiu a bebida na “cesta básica” da semana. “Saio do mercado com sabão em pó, pães e meia dúzia de cervejas novas pra experimentar.” O tipo preferido dela são as mais turvas e amargas, “nada femininas”. Júlia pensa o mesmo: quanto mais lúpulo, melhor. E acrescenta: “Não acredito nisso de paladar feminino e masculino. Na confraria amamos o tipo IPA, que tem muito lúpulo e um amargor superpresente”.

Vale experimentar

Autoras do blog de cervejas artesanais Lupulinas, Cilmara Bedaque e Vange Leonel indicam cinco boas cervejas

Rogue Yellow Snow IPA É uma cerveja artesanal que cativa pelo sabor, pelos rótulos e pelo caráter meio iconoclasta. É forte, amarga e levemente picante. 355 ml por R$ 17,90*.

Mula IPA Esta IPA fresquíssima e saborosa é feita no bairro de Pinheiros, em São Paulo. É vendida apenas na própria fábrica-bar, a Cervejaria Nacional. 600 ml por R$ 16*.

Westvleteren – Esta ficou na memória. Dizem que é a melhor do mundo, fabricada pelos monges de Westvleteren, na Bélgica. Eles não exportam e só vendem em seu restaurante, em frente ao mosteiro. 330 ml por 6 euros*.

Colorado Indica Uma IPA de Ribeirão Preto, facilmente encontrada nos supermercados. Com 7,5% de álcool, faz jus ao lema das artesanais: beber menos e melhor. 600 ml por R$ 16,90*.

Hoegaarden Cerveja belga de trigo, é turva e tem toques de coentro, casca de laranja e outras ervas. Fabricada desde 1445, é leve e refrescante, ótima para o verão. 330 ml por R$ 9,90*.

Vai lá: www.lupulinas.com.brwww.maltemoiselles.com.br

*Valores aproximados, pesquisados pela redação da Tpm.

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