MC curitibana aponta no rap nacional com primeiro clipe e gravação do álbum de estreia
Ela é Karol. Mas não é qualquer uma. A letra K no início do nome faz toda a diferença.
A curitibana Karol Conká, 25, acaba de lançar seu primeiro videoclipe e está em estúdio compondo e gravando seu álbum de estreia que tem previsão para ser lançado ainda em 2011. Seria pouco dizer que ela é só mais uma artista neste momento positivo do rap nacional encabeçado por Emicida, Criolo Doido e DonCesão. Na ala feminina, o nome mais comentado é Flora Matos, mas Conká, apesar da recente carreira – ela só começou a sair de Curitiba para fazer shows no ano passado, não fica nada atrás. O videoclipe de Boa Noite já deixou claro sua personalidade, suas rimas fortes e seu principal objetivo: ser uma mulher independente. "Homem ao meu lado me enche", disse em um bate-papo para a Tpm.
Veja a entrevista na íntegra abaixo e conheça a MC que tem não tem como principal influência musical o rap, e sim a MPB.
Tpm: Quais foram os principais passos da sua carreira, que começou em 2002, até hoje?
Karol Conká: Minha primeira gravação foi uma promo para a internet com sete faixas pelo Coletivo MTV. A exposição foi bem bacana, a galera aceitou legal e foi isso que me fez acelerar o processo de composição do meu álbum. Hoje eu tô em estúdio gravando meu álbum que eu quero que seja lançado ainda este ano. Também gravei meu primeiro clipe aqui em Curitiba.
E os shows, como vão?
Apesar da minha carreira ter começado em 2002, antes era uma coisa mais underground. Fazia shows, mas só aqui em Curitiba. Só no ano passado eu comecei a fazer shows fora da cidade, a coisa ficou mais séria também. Hoje faço uma média de quatro apresentações por mês. Com o lançamento do clipe comecei a receber mais e-mails.
Quando foi que despertou em você o interesse musical e quando você entendeu que o rap é a sua cara?
Antes eu nem imaginava que seria MC. Eu queria ser atriz de comédia e cantora de MPB. Eu também fazia dança contemporânea, ballet, teatro e sempre escrevi. Desde que eu aprendi a escrever, eu sempre escrevi poemas, transformava músicas internacionais em composições próprias, mas até aí ainda não tinha despertado. Até que eu desisti da dança e teve uma competição na escola pra apresentar músicas. Ninguém na minha turma tava com coragem de fazer, aí eu fui lá, fiz e nossa turma levou o prêmio. E a partir dali, eu pensei 'acho que eu nasci pra esse negócio' porque a galera aceitou bastante e eu me senti à vontade no palco e desde então não parei mais. Pra entrar na cena do hiphop mesmo eu comecei a sair, a ir para as baladinhas, comecei a descobrir quem faziam as festas. Eu mesma me apresentava, falava que eu fazia um som, aí já viram resultado e começar a me colocar pra abrir shows.
Sua família é de músicos? Alguém é ligado com o rap?
Não. Muito pelo contrário, ninguém na minha família tem qualquer ligação com música. A única coisa que tem a ver é que minha mãe escrevia muito poema, mas só.
E eles aceitaram logo de cara que você queria ser MC? Já teve outra profissão?
Na verdade, eu nunca parei em nenhum emprego, nunca conseguir seguir um padrão por ser artista mesmo, não conseguia me encaixar. Pra minha família foi meio difícil de entender. E pra mim também foi difícil porque eu me forçava a ser uma coisa que eu realmente não sou. Eu não consigo viver da maneira padrão. Eu gosto de estar sempre envolvida com a música, gosto de estar nos palcos. E quando eu cheguei pra minha mãe e falei "ó, eu quero viver de música, eu quero ser artista, eu não sei fazer outra coisa", a gente acabou brigando. E ela só foi entender quando ela viu um retorno. E realmente é difícil viver de música porque é um mercado bem concorrido. Pra você ganhar um destaque legal, você tem que provar a sua originalidade. Com o tempo minha família entendeu e hoje eles têm muito orgulho.
O rap já te dá um retorno financeiro que te mantém estabilizada?
Hoje sim. Mas só é possível ter um retorno quando você faz o trabalho certinho, quando é profissional. Às vezes o rap dá aquela ilusão de quem é vida loka, mas não é bem por aí. Eu gosto de me divertir, gosto de estar nas festas com a galera, mas chega uma hora que é preciso focar em fazer algo bem feito para ter um retorno bacana.
Quando você decidiu que seu nome artístico seria Karol Conká?
Sempre na minha vida foi tudo Karol Conká. Acontecia de na sala de aula ter outra Carol e meu nome é escrito com a letra K, a própria professora já taxava como a "Karol com Ká", então meus amigos já me chamavam assim. Na verdade eu nunca pensei que este nome seria artístico, mas quando eu vi já tava, não dava mais tempo de mudar e no fundo eu também gostei.
Quais são suas influências na música?
Minhas principais influências são mais da MPB do que do próprio rap. Sempre ouvi muito Milton Nascimento, Djavan, Marisa Monte. Eu gosto de Enya, Björk, Kings Of Leon. Adoro Beyoncé!
Quem é sua ídola no mundo da música?
Ai, são tantas, mas em quem eu me espelho mesmo é a Missy Elliott.
Qual é seu grande sonho na música?
Representar o Brasil no EMA e no VMA. Hahahaha.
E seu sonho enquanto mulher? Sonha em casar, ter filhos?
Eu sou solteira e eu adoro ser solteira. Eu sempre brinco com as minhas amigas "eira, eira, eira, melhor coisa é ser solteira", porque eu gosto de ser livre, gosto da minha liberdade, e às vezes eu sou muito individual, e homem ao meu lado me enche o saco. Eu sei que é uma fase que eu tô passando, até porque eu já namorei, já fui casada, mas nesta fase eu tô preferindo realmente ficar solteira. Não é nem ser solteira pra sair por aí pegando uns gatinhos porque nem isso eu faço, tenho trabalho muito e ando sem tempo. Também não sonho em casar porque acho que não nasci pra isso. Meu sonho enquanto mulher é poder representar e passar uma mensagem que possa elevar a auto-estima de muitas outras.
Você é uma mulher ligada em moda?
Não muito. Na verdade eu gosto de andar bem vestida, mas de acordo com a forma que eu me sinto bem. Eu sou ligada à moda, mas à minha moda.
Qual seu look ideal, aquele que faz você se sentir linda e confortável ao mesmo tempo?
Adoro usar minha botinha de couro sem salto, jeans básico, uma regata e um moletonzinho. Também não pode faltar rímel, blusa, batom, esmalte e claro, cabelo black power!
Assista abaixo ao clipe de estreia, Boa Noite.
Vai lá: www.myspace.com/mckarolconka e www.twitter.com/karolconka