por Fabiano Alcântara

Renovadora da literatura erótica, escritora diz que adora reler seus autores preferidos

Juliana Frank é roteirista, nasceu em 1985, em São Paulo, e mora no Rio de Janeiro. Com uma pegada pop e boas doses de pornografia, seu livro de estreia, Quenga de Plástico (7 Letras), a projetou como um nome a se observar na nova literatura brasileira. Foi elogiada pela escritora Clara Averbuck, a quem retribui dizendo: “No quesito ritmo, ela é a rainha da bateria”. Também gosta dos contemporâneos Reinaldo Moraes, Marçal Aquino, da alemã Charlotte Roche e dos clássicos Paulo Mendes, Hilda Hilst, John Fante, Nabokov, Elliot e Nelson Rodrigues. “Tomaria umas com o John Fante. Ficaria repetindo uns trechos dele que sei de cor”, contou a escritora à Tpm.

Tpm. Você sempre soube que seria escritora?
Juliana. Eu sempre soube que não tinha muitas aptidões, que seria impossível conviver diariamente com outras pessoas que não escolhi, almoçar no quilo no horário certo de comer e coisas chatas desse estilo. Trabalhei uns cinco anos como garçonete. Levava os pratos cheios, trazia pratos limpos o dia inteiro. Às vezes lagrimejava nos pratos cheios.  Mas não sabia de nada. Comecei a escrever ainda bem novinha. Assim que comecei a ler. Eu gosto de ler. É disso que eu gosto. Eu escrevo para me vingar das leituras.

Você deve ler bastante e tirar referências de filmes, o que você viu recentemente que gostou muito?
Gosto muito de reler. Às vezes é mais importante do que ler. Releio sempre Paulo Mendes, Hilda Hilst, John Fante, Nabokov, Elliot. E poesias, então, releio até decorar. Descobri Guista Santini dia desses. Uma pornógrafa das boas. Essas mulheres despudoradas me deliciam. Mas jamais abandono o Nelson (Rodrigues). E também, pra dizer bem uma boa verdade, os bares me inspiram muito. É numa noite paulistana que um livro sujo se torna possível - isso é, se eu sempre  souber sobreviver a todas as suas possibilidades infinitas.

E que você leu ou viu faz tempo que você sente que te influenciou? Na infância, minhas tias avós eram umas velhacas bem engraçadas. A minha mãe me inspira, a minha família toda. É tipo de humor que está no nosso jeito que não tem jeito. O bom humor é muito inspiratório. Apesar de saber que escrever é mania de gente grave. 

Que escritor gostaria que ressuscitasse e que tivesse a oportunidade de beber com ele e pedir uns toques? Olha, eu já peço pros vivos e não adianta muita coisa. Conselho não ajuda na máquina. Esse tipo de união entre escritores é uma ilusão. Mas tomaria umas com o John Fante. Ficaria repetindo uns trechos dele que sei de cor. Incomodo bastante os vivos com isso.

Já vi a Clara Averbuck te elogiando, que autores da atual geração mais gosta no Brasil? E no mundo? A Clara é gentil comigo. Gosto dela. No quesito ritmo, ela é a rainha da bateria. Também gosto dos velhos e bons: Reinaldo Moraes,  Marçal Aquino. E tem uma alemã: Charlotte Roche, que publicou um livro cheio de bons momentos: “Zonas Úmidas” (Objetiva). Bom, tem os caras aí que fazem as tirinhas. Gosto dos cartunistas. 

Você trabalha com roteiros ou escreve de improviso, como define se é um conto, uma novela, um romance? Não planejo nada. Gosto de escrever as histórias sem saber o que vai acontecer. Vou descobrindo, linha por linha. Como se estivesse me lendo... Depois, vejo o que fiz. Com o que mais se parecer: está decidido. 

O que espera alcançar com a literatura? Como os meus livros são pequenos, espero escrever o suficiente para colocar um em cima do outro e fazer uma pilha. Mas tem que ser alta o bastante para que, subindo nela, eu possa alcançar minhas botas no segundo andar do guarda-roupas.

Você tem lançamentos em vista? Participo de uma antologia de contos eróticos da Editora Geração, 50 Versões de Amor e Prazer. Minhas novelinhas novas serão lançadas também: “Cabeça de Pimpinela”, pela editora 7 Letras. Meu Coração de Pedra Pomes, pela Companhia das Letras. São todos inéditos e é tudo o que escrevi ao longo do ano.

Vai lá: http://joufrank.blogspot.com.br

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