Feminino, clássico e colorido, assim é o estilo da jornalista carioca que vive na Noruega
Elegante dos pés à cabeça, a blogueira Gisella Francisca, 30, nasceu e foi criada no Rio, e vive em Oslo, na Noruega. Jornalista de formação, atualmente trabalha com gerenciamento de marcas e comunicação corporativa de empresas. Mas é com o blog Colective For Us All que coloca em prática o seu faro apurado sobre moda, beleza, viagens, cultura e gastronomia. Transitando entre Rio, Oslo e Nova York, ela mostra que estilo e autoestima alta estão acima de qualquer modelo.
Batemos um papo com ela, que nos contou suas referências na hora de se vestir e também o que pensa sobre os padrões de beleza brasileiros: "o Brasil é muito mais a Preta Gil do que a Giselle". E na galeria de fotos, fizemos uma seleção de alguns de seus incríveis looks.
Gosta de moda? Como funciona sua relação com ela? Eu gosto de estilo e faço leitura visual de moda. O termo acabou de me ocorrer. O que eu quero dizer é que sou mais de estilo do que de moda. O estilo é algo que nasce com você ou você desenvolve ao longo do tempo. Acho que pessoas que se conhecem e estão à vontade com sua personalidade têm mais chances de terem um estilo coerente e que lhe cai bem. Moda é fugaz, é tendência que passa, é pra comer e cuspir a sua leitura dela. Tenho certa implicância com pessoas que mergulham na vitrine e saem se achando. [risos]
Então como define seu estilo? Meu estilo é feminino, clássico e colorido. Sou uma garota de vestidos e gosto de brincar com cores e texturas, mas adaptando ao meu corpo. Gosto do estilo clássico dos anos 60 e dos shapes dos anos 50. Às vezes uso muitas cores e alguns objetos, assim como a maquiagem, mais exagerados, que me lembram os anos 80. Mas eu acho que 60's me chamam mais.
Quais são suas principais referências em moda e estilo? Desde criança sempre fui chegada a me vestir bem. Acredito que por influência da minha avó, mãe e das minhas tias. Uma delas morava na Europa e todas as vezes que vinha para o Brasil trazia uma novidade pra eu me inspirar. Eram os anos 80, então tinha bastante novidade chegando por aqui. Eu era novinha pra assimilar aquilo como tendência, mas fazia a minha leitura e escolhia as minhas peças. Fazia minhas próprias combinações, sob supervisão, claro. Minha mãe sempre foi muito voluptuosa e gostava de explorar o colo, usando decotes e sempre mandou bem na maquiagem. Mas o fato de sempre ter sido livre pra me vestir como queria e de ter influências dentro de casa contribuiu pra que eu desenvolvesse a consciência do estilo, por assim dizer. E sim, eu gosto de moda, claro. Mas estilo é bem mais a minha praia. Há algumas semanas li uma entrevista do estilista Erdem na revista AnOther e a frase resumia exatamente o que eu penso sobre moda e estilo: "Moda é algo projetado, criado, imaginado. Estilo é instintivo." Ponto!
"Minha bandeira é a do amor próprio, respeito a si e aceitação do que é natural em você"
E você se sente à vontade com seu corpo? No meu blog eu recebo muitas mensagens sobre autoestima, sobre vestir números maiores e estar bem. Esse assunto é sem fim, todo mundo acha alguma coisa e é bom mesmo discutir. Eu sempre digo que o Brasil é muito mais a Preta Gil do que a Giselle. Nem sempre estive ou estou à vontade ou satisfeita com o meu corpo, obviamente, como todo mortal. Hoje em dia eu me conheço melhor, sei mais sobre mim, o meu valor e o meu caminho na vida. Essas coisas me fazem mais segura do que há alguns anos e isso se reflete na forma como me visto e como me apresento pra sociedade. Mas claro que todo mundo tem seus dias nublados, isso é normal. No geral, posso dizer que quase sempre estive segura com a minha imagem, mas isso passa por muitas coisas além do espelho. Coisas às quais somos expostos desde pequenos influenciam muito nossas ideias acerca de valorização pessoal.
Eu sempre gostei de comer bem e minha quantidade de exercícios nunca foi maior do que a quantidade de coisas gostosas que eu comia, por isso, magra eu não seria. Minha família é de pessoas mais carnudas, as mulheres são encorpadas e de cabelo natural, acredito que isso ajuda muito. Claro que já quis acordar igual a Beyoncé, mas ter umas dezeninhas de quilos a mais nunca me matou de tristeza. Posso dizer que tenho a cabeça bem no lugar em relação a minha imagem. Olho no espelho e a sensação é boa.
No meu blog eu também sou associada ao orgulho da mulher negra e acho isso fantástico. Porém não tenho um blog de estilo de mulher gorda e preta. Eu tenho um blog de lifestyle da Gisella Francisca, uma mulher com diversas características. Ser negra, crespa e vestir tamanhos considerados maiores são apenas três delas. Isso significa que ficar levantando bandeira de um grupo pode ser bom, não julgo isso. Mas a minha bandeira é a do amor próprio, respeito a si e aceitação do que é natural em você - isso vai além de cor da pele, textura do cabelo ou tamanho da roupa.
Vai lá: www.gisellafrancisca.com // www.facebook.com/collectiveforusall
Veja alguns vídeos da Gisella: