Flow ou slow? Seguir o fluxo cada vez mais acelerado do dia a dia ou resistir e tentar diminuir o ritmo?
Flow ou slow, eis a questão. Seguir o fluxo cada vez mais acelerado do dia a dia ou resistir e tentar diminuir o ritmo?
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Talvez nada seja mais emblemático da correria de hoje do que a velocidade com que a informação passou a ser produzida e consumida.
Richard Wurman, o cara que inventou o TED (o ciclo de palestras, não a transferência bancária, pelamordedeus), escreveu um daqueles livros importantes para gente entender o que está acontecendo aqui e agora.
Ansiedade de informação começa com uma comparação e tanto. Wurman defende que um único exemplar do New York Times oferece mais informação do que um inglês comum do século 17 teria acesso durante toda a vida.
E ele nem se refere à gigantesca edição dominical do jornal. O raciocínio vale para aquele exemplar fininho de segunda-feira mesmo. Fosse domingo, o inglesinho de antanho precisaria reencarnar para dar conta de tanta notícia.
Detalhe: o livro é de 1989.
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De lá para cá, a revolução digital engrossou exponencialmente o caldo de informações produzidas e compartilhadas por aí.
Tem um jeito simples de demonstrar isso. Basta dar um google na palavra “informação”. Ou melhor, em “information” – para usar a língua franca da rede. Em uma fração de 0,33 segundo, você recebe de volta estonteantes 7.750.000.000 resultados de busca.
Um exemplo bastante autoexplicativo.
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Talvez alguém imagine que, ficando quieto no seu canto, não existe risco de ser atacado por essa alcateia de dados.
Será? Bem, se você usa e-mail (o que equivale a dizer “se você está respirando”), a informação vai até você. Mesmo que você não queira.
De acordo com o último levantamento do Radicati Group, empresa de pesquisa da Califórnia, todos os dias 205 bilhões de e-mails são enviados e recebidos. Você leu certo, bilhões. Isso dá uma média de 88 mensagens na caixa postal de cada usuário. Dessas, 12 são spams.
Não tem firewall que dê conta. Lê o que for para ler, responde o que for para responder, deleta o que for para deletar, clica no link que for para clicar, daquele link clica em outro link e por aí vai.
Amanhã começa tudo de novo, tipo Sísifo brincando de Dia da Marmota.
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Mea culpa, mea maxima culpa: a edição #170 da Tpm dá sua modesta contribuição para aumentar a massa de informação disponível.
A partir da página 54 da edição impressa, você encontra uma série de reportagens sobre fenômeno da multiplicação de dados, desejos, relatos, postagens, anúncios, conhecimento, tarefas e palpites em geral.
Para aliviar o nosso lado, lembro que pior do que o excesso só mesmo a falta de informação.
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