Tpm

por Redação
Tpm #82

 
Em vez de prometer o que eu talvez não possa cumprir, me pautei em coisas que já fiz: fui a vereadora mais votada do Brasil

Queridos leitores,

Preciso me expandir com vocês e dividir a sensação de familiar consentimento a cada leitor desta coluna que encontrei pela cidade. Eu pessoalmente sou exemplo de que sozinha não faço nada, aliás, nem sobrevivo, já que não mexo do pescoço para baixo. Portanto, a primeira constatação de uma empreitada de sucesso é quem está junto nisso.

Sou exemplo também de que, quando se quer realizar com convicção e propósito generoso, a concordância do trabalho não tem limite.

Um dia eu também não gostei de política. Mas do que não gostei? Da ciência dos fenômenos referentes ao Estado? Ou da arte de bem governar? Ou do proselitismo partidário? Ou do sistema de regras que direcionam os negócios públicos? Ou do exercício de civilidade que vem embutido no viés qualitativo dessa palavra? Porém, nada disso justifica o meu desgostar político nem o da maioria das outras pessoas. Esse sentimento está muito mais ligado à ojeriza afetiva causada por aqueles que se utilizaram do cargo público em benefício próprio do que com a definição da própria palavra.

De balsa, em São Paulo
No contato diário com a população, pude perceber que o público está ávido para exercer uma boa política. É impressionante o acolhimento e o reconhecimento da população a um trabalho bem-feito.

Sempre me pautei naquilo que já realizei como informação para o eleitor. Prometer e eventualmente não poder cumprir me assusta. Por isso fiz uma incursão diferente... Famosa como o lugar dos esquecidos, a ilha do Bororé, ao sul do Grajaú, foi um dos maiores presentes que recebi na campanha. Minha amiga Bia Braga sempre quis me transportar para Bororé e dessa vez eu fui, lá onde ninguém vai, para conhecer. Achei que levaria energia de valorização, todavia quem foi energizada fui eu! Para quem vai de São Paulo, atravessa a represa Billings com uma balsa. Para quem vai de São Bernardo, como a Bia, são necessárias duas balsas. O visual da balsa do Grajaú é de floresta atlântica selvagem. Que cidade é essa em que vivemos? Será que onde você vive tem segredos como aqui? Você tem noção dos arredores do município em que reside?

Nos encontramos no restaurante Bar do Peixe. Mais de 100 pessoas bonitas numa região verde com muita água me esperavam empolgadas. As líderes comunitárias Nice e Sonabia gritavam: “Vamos energizar a Mara!”. Todos batiam palmas compassadamente em volta de mim. Conheci o senhor Heleno, que todo mês organiza um bingo. Diz ser a única diversão na região. E sabe qual é o prêmio da cartela inteira? Um boi vivo, que o vencedor leva pra casa puxando pelo cabresto. Fui embora com energia renovada.

É inevitável comentar aqui que fui a vereadora mais votada do Brasil! As pessoas ainda acreditam que tem gente querendo melhorar a vida delas. Recebi 79.912 votos de confiança. Por isso fiz este texto em formato de carta, para agradecer meus eleitores, mas principalmente esta revista e meus leitores. São vocês que me dão a oportunidade de refletir a minha própria conduta todo mês.

Um grande beijo,

Mara Gabrilli
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