Luciana Obniski e Nina Lemos passam um fim de semana sem seus vícios
Outro dia 90% das moças da Tpm assumiram: elas dormem com o iPhone na cama! Neurose pura! Nina, editora desta seção, é viciada em Twitter, e Luciana Obniski, editora da Tpm, em Instagram. Contrariadas, elas aceitaram o desafio de passar um final de semana sem seus vícios. E (quase) conseguiram
Eu, Nina Lemos, sou viciada em Twitter. Por causa do Twitter talvez eu leia menos livros. Deixo de ler para perseguir a vida de pessoas. Horrível.
Dois dias sem Twitter. A ideia foi minha mesmo. Queria dar um tempo. Igual a um viciado. “Mas só dois dias?” Essa era a reação de quem não é viciado (e quase todo mundo que usa é um pouco) quando eu contava da pauta. “Ah, tem que ser uma semana.” Não entendem nada. Dois dias é difícil! Isso quando você tem o Echofon (aplicativo de iPhone) instalado no seu celular e seus dedos escorrem para o Twitter sempre que você não está escrevendo, transando, em reunião (OK, se a reunião for longa...), dormindo (bem, mas se você acordar no meio da noite...).
Sexta-feira. Seis da tarde. A Luciana olha para mim e fala: “Apaga o aplicativo. Agora”. Muito medo. Geralmente eu volto para casa de táxi, “no Twitter”. Nesse dia, bem, olhei pela janela. Para piorar, eu tinha combinado com uns amigos de ir a um show, tava calor e a TPM (de verdade, não a revista) fazia com que eu me sentisse infeliz. Meus amigos furaram. Legal, né? OK. Conversei horas com um amigo pelo Facebook (as pessoas sempre trocam um vício pelo outro). E até com um ex- namorado, com quem não falava havia séculos. E pelo telefone! Bom!!!
Sábado. Durante o dia foi ótimo. Eu não precisava saber que os outros estavam tendo um dia incrível (a vida das pessoas na internet nunca é normal, é sempre péssima ou maravilhosa). E, OK, entrei no Twitter. Mas isso já tinha sido avisado para a Luciana e para a Carol (a diretora de redação da Tpm). Era trabalho. Preciso do Twitter para divulgar meus textos do blog. Sim, dei uma pequena olhada na repercussão, mas não fiquei obcecada para ver a quantidade de RTs.
De noite. Show do Otto. Moleza. Twittar de show seria ridículo (não que eu nunca tenha feito). Mas, bem, aí eu usei o Instagram. De novo, troquei um vício pelo outro. E postei direto umas quatro fotos no... Twitter.
Domingo. Saí de casa para almoçar com amigos e quando vi o dia já estava acabando – e com ele, o prazo. “Não vou instalar de novo o Twitter no iPhone”, decidi. Durou pouco. Entrei. Vi alguns recados e entrei na timeline. Todos falavam do show da Madonna, que começaria em poucos minutos. Bem, baixei o aplicativo correndo. E comecei a fazer uma das melhores coisas do Twitter. Ver TV fazendo piada com os amigos. Não acho que isso seja neurótico. Essa é a parte boa. Escrevi uns dez posts seguidos.
Conclusão. Vou usar menos o Twitter. Foi ótimo passar o domingo com os amigos sem olhar para o aparelho da Apple. Eu teria olhado. Eu teria escrito. Ridícula!
Instagram: a fofura do seu gato tem valor se ninguém vê a foto?, por Luciana Obniski
A Nina Lemos sempre aparece com umas pautas meio doidas. Nunca achei que eu me encaixaria em uma delas. Quando ela avisou durante a reunião de pauta que ficaria sem Twitter, e que precisaria de alguém pra ficar sem algum vício com ela, nem desconfiei que os dedos da redação toda seriam apontados para mim. “Luciana, você não passa mais de seis horas sem postar foto da sua gata”, decretaram.
Tá bom. Talvez eu exagere (e tire muitas fotos e “guarde” algumas para mais tarde). Mas entendam: eu adotei a gata mais linda do mundo há um mês. Praticamente impossível não registrar as esquisitices (todas lindas) daquela bola de pelo tamanho miniatura. E, mais ainda, eu curto ver a vida das outras pessoas. Da minha irmã que mora em Seattle, do amigo que se mudou para Paris, da prima que foi para o Uruguai sem avisar... Mesmo assim, topei o desafio. Na sexta, dia combinado para a “cerimônia do apagamento dos apps”, acordei firme e forte. E decidi ficar sem entrar em redes sociais como um todo, para ver o que aconteceria.
Sexta. Saí para jantar com o meu namorado. Incrível como o celular que “só serve para ligar” é inútil atualmente. Ele até usou o iPhone dele e eu percebi como é chato quando alguém faz isso do seu lado (e você não tem nada pra fazer). Cheguei em casa e minha gatinha estava fazendo graça. Tirei fotos. Não aguentei (mas prometi não postá-las mesmo depois do fim do embargo).
Sábado. Acordei cedo (já que não tinha nenhuma distração virtual) e senti a primeira crise de abstinência. Peguei o celular pra ver o que os meus amigos festeiros tinham feito no dia anterior e PÃN, o Instagram não existia no celular. Mandei uma mensagem pra Nina, que também não respondeu. Olhei os e-mails umas dez vezes até me convencer de que toda a dose de adrenalina da internet tinha se esgotado e fui ver as séries podres americanas de que não consigo me livrar, tipo Desperate Housewives, outro vício. No almoço, combinei de ver uma amiga que está grávida de sete meses e que eu vejo pouco – e que, portanto, seria registrada no meu Instagram. Mas meu iPhone ficou tão sem sentido que acabei esquecendo ele em casa! À noite, um encontro na casa de outra amiga grávida foi registrado no Instagram alheio, e eu não pude nem curtir a foto linda da barriga dela... Tristeza.
Domingo. Acordei cedo (de novo, um milagre e um efeito colateral improvável e muito bem-vindo desse fim de semana off-line) e fui almoçar na casa dos meus pais. Quando meu pai me viu, a primeira coisa que ele disse foi: “Aconteceu alguma coisa com a sua gata? Porque faz três dias que você não sobe foto dela!”. Fiquei um pouco chocada por ele ter percebido, e por eu ter essa fama no mundo real. Na segunda de manhã, reinstalei o Instagram, mas não tenho visto com tanta frequência (nem postado mil fotos de felinos).
Conclusão: me proibi de usar o iPhone durante as refeições (não é o ideal, mas já é um começo...). As mídias sociais estão acabando com a nossa vida social! Desliguem o iPhone e prestem atenção na pessoa ao lado. Vocês não vão se arrepender.
Créditos
Imagem principal: Margarida Girão