Moleskine não é um mero bloco de anotações, é fetiche, item indispensável na mala, é hype
Repararam que agora não basta ter um caderno Tilibra para fazer suas anotações? Quem é fino (como nossos colegas de trabalho) anota o que for em uma Moleskine, um caderninho importado que, no Brasil, custa R$ 80. Tentamos desvendar o porquê do fetiche.
Foi-se o tempo em que chique era ter uma agenda “de marca” e um caderno Tilibra de capa dura. Hoje, todo mundo tem que ter uma Moleskine. Se você não faz parte desse mundo fresco, explicamos. Trata-se de um caderninho fabricado na Itália com capa de couro que, diz a lenda, era usado pelo Ernest Hemingway. E também pelo Pablo Picasso. Eles custam barato no exterior (se você achar que US$ 10 por um caderninho é barato, ou seja, se você for um pouco rico) e uma fortuna no Brasil. Sim, tem quem pague uns R$ 80 por um deles em terras paulistanas.
Temos reparado no aumento do hype do Moleskine faz tempo. Para começar, vira e mexe ele aparece na seção Minhas Peças da revista. E quase todos os nossos amigos (principalmente os homens) tem a(s) sua(s) Moleskine(s) de estimação.
Caso do editor de sites da Trip, Daniel Benevides, que, ao saber que esta reportagem estava sendo escrita (não em uma Moleskine, mas em um pedaço de papel qualquer), apareceu imediatamente com duas (elas estavam na bolsa dele). Ele carregava uma vermelha, pequena, e uma maior, amarela. Benevides usa, no momento, umas seis ao mesmo tempo. “Tenho também uma para fazer aquarela, especial para isso.” Mas guarda em casa mais de 15 preenchidas.
Mesmo caso do repórter da Trip Bruno Torturra, um maníaco pelas Moleskines que enumera várias razões para não trocar seus caderninhos com capinha de couro (ele tem mais de 20) por um caderno Tilibra qualquer. “Elas cabem no bolso e têm um envelope, muito útil para guardar notas, cartões e boletos de táxi”, diz o repórter. Ele também valoriza o fato de o caderninho grã-fino ter elástico e marcador de páginas.
– Mas você pagaria R$ 80 por uma delas?
– Não! R$ 80 eu não pago nem por um sapato.
Bruno traz suas Moleskines de viagens. Mas também aceita as genéricas.
– Não precisa ser da marca. Mas tem que ter o envelope.
E, como só a Moleskine mesmo tem o tal envelope, Bruno acaba sempre voltando para as suas... Moleskines verdadeiras, que têm até selo de autenticidade.
– Será que o fato de Hemingway ter escrito livros em Moleskines aumenta o hype?
– Não, eu não gosto muito do Hemingway – diz Benevides.
– Nem eu, acho que ele é superestimado! – concorda Bruno.
Mas nem todo homem que gosta de escrever (sim, achamos que o hype da Moleskine é maior entre os machos, assim como o da Lancôme é maior entre as mulheres) é um moleskinemaníaco.
– Caguei para a Moleskine!, proclama o editor de mídias interativas da Trip, Guilherme Werneck. E dá a palavra final. “Moleskine para mim é igual a café Nespresso, ou seja, veadagem.”
Precisamos explicar por que adoramos o Guilherme?
P.S. Em alguns trechos desta reportagem, escrevemos a Moleskine. Em outros, o Moleskine. Os fanáticos chamam de “o”. Mas, se é uma agenda, não seria “a” Moleskine?