Depois daquele dia

por Milly Lacombe

As colunistas Mara Gabrilli e Milly Lacombe falam sobre a experiência de fazer um livro juntas, a biografia da deputada

As colunistas Mara Gabrilli e Milly Lacombe falam sobre a experiência de fazer um livro juntas: Depois Daquele Dia, a biografia de Mara escrita por Milly. O livro será lançado nesta quinta-feira, 17, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo.

Mara Gabrilli

Imagem mais forte

“Tem uma imagem no livro que me deixa com palpitação. É aquela do carro logo depois do acidente, dos insetos dançando na luz acesa do farol enquanto o carro permanence capotado no mato, e eu desacordada…”

Ponto alto

“Acho que o ir e vir da história, passado e presente sendo alternados, é muito bacana. Estou lendo o livro só agora como leitora e sempre que começo a ficar muito angustiada, o livro faz uma pausa e vai para o passado, me deixando respirar”

Sensações que a leitura traz

“Estou lendo só agora porque as leituras que a gente fez não foram emocionais, embora eu tenha chorado em muitas passagens. Mas nossas leituras foram técnicas e factuais e picadas e eu não tinha a noção do todo.”

Novas descobertas

“Estou descobrindo muitas coisas a meu respeito que eu não sabia. Uma delas é a de que eu sempre fui inquieta e hiperativa, mesmo depois do acidente. Isso nunca mudou em mim”

Parte engraçada

“ A cena de eu dançando balé vestida de abelha quando era criança, e a entrada das crianças-cogumelo no palco e o episódio que eu protagonizei, essa passagem me faz rir. Tinham que ser crianças-cogumelo?”

A relação com a Milly

“No fim, a Milly e eu arrumamos um pretexto para se encontrar, rir e beber durante quatro anos. Nesses encontros eu contava a ela minha história e ela parecia mais interessada do que eu achava que ela deveria estar, porque como as histórias eram minhas, e eu as tinha vivido, elas nunca pareceram para mim tão interessantes assim. Mas a Milly achava, e eu ia na dela”

Milly sobre a experiência de fazer o livro

Sobre como estruturou a história

Eu sabia que deveria começar a contar essa história com a cena do acidente de carro, mas não sabia o que fazer a partir disso. A Mara tinha dúvidas sobre começar com o acidente, porque ela dizia, e com razão, que a vida dela era muito mais do que o acidente. Mas minha intenção era começar de forma dramática e a partir dali contar a história, e ela topou.

Sobre a falta de linearidade do livro

Não sei quando entendi que talvez quisesse contar a história dela indo e voltando no tempo, mas sei que quando propus isso a ela e ao [Luiz] Colombini, o editor que primeiro pensou em fazer essa biografia, eles toparam na mesma hora, então achei que talvez pudesse estar certa, e tentei.

Sobre conviver com a Mara

Uma das primeiras coisas que notei é que a gente passa a não ver a cadeira de rodas. Acho que isso acontece porque ela faz tantas coisas num mesmo dia, e é tão inqueita, que não faz sentido ela não se mexer. Essa é, aliás, uma inverdade: dizer que ela não se mexe. Ela se mexe muito mais do que eu por exemplo. Ela muda as leis do país, olha o tamanho das coisas que ela faz. E eu conto histórias. Quem se mexe mais? Ela, óbvio.

 

"Essa é, aliás, uma inverdade: dizer que ela não se mexe. Ela se mexe muito mais do que eu por exemplo. Ela muda as leis do país, olha o tamanho das coisas que ela faz"

 

Os encontros

No começo era sempre em restaurantes. E a gente fechava o lugar. A Mara gosta de beber vinho, e eu também. Então era uma garrafa por encontro. Depois a gente passou a ir até a casa dela, e ficava por lá até tarde. E, numa terceira fase, a gente se encontrava na minha casa. Como já nos conhecíamos bem, nesses encontros a gente dispensava a assistente dela, e minha mulher e eu ficávamos sozinhas com a Mara. Na hora de comer, a gente se revezava dando a comida e a bebida para ela. E a gente rapidamente entendeu que alimentá-la é um ato de amor, e isso fazia muito bem tanto para mim quanto para minha mulher.

Sobre o encontro com os amigos dela

Tive que entrevistar dezenas de parentes e amigos dela para fazer o livro. E o que mais me surpreendeu é que às vezes ela me contava uma história absurda da qual era fácil duvidar, e eu ia bater a história com amigos e de fato nunca era igual: a versão dos amigos era sempre ainda mais absurda. Por exemplo, a “transa” na UTI, logo depois do acidente. Mara me contou uma história e o ex namorado me contou outra ainda mais picante. E eu liguei para a Mara e disse: “Escuta, a história é ainda mais “x-rated”, e ela riu e disse: “Nossa, é mesmo. Tinha esquecido”.

Sobre o resultado

Durante quase cinco anos, que foi o tempo que demorei para escrever o livro, eu fui para casa agradecendo ao universo pela chance de poder contar a história dela, e pedindo força e inspiração para fazer isso da melhor forma possível. É uma história sublime, edificante, espetacular e linda. Eu não podia errar. Era um pênalti sem goleiro, e isso não se erra. Foi uma tremenda responsabilidade, e eu mudei muito depois de conhecer a Mara assim tão a fundo. Ela é leve, ela consegue rir de coisas sérias e graves, ela é fascinante. Eu quero, claro, ganhar dinheiro com esse livro, mas antes de mais nada eu quero que a história dela seja conhecida por multidões. É uma história que precisa ser contada, uma história que pode mudar vidas, que pode inspirar e fazer a gente entender o mundo, e aprender a aceitar o ritmo das coisas. A Mara, e a chance de contar sua vida num livro, foi um presente que me deram e pelo qual eu agradeço todos os dias.

Vai lá: Lançamento do livro Mara Gabrilli – Depois Daquele Dia, por Milly Lacombe
Quando: 17 de outubro de 2013, quinta-feira, a partir das 18h30
Onde: Livraria Cultura - Avenida Paulista, 2073, Bela Vista. Piso Térreo, São Paulo, SP
Editora Benvirá

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