Amigas feministas, tamo junto! Mas seremos patrulhadas por usar termos falocentristas?
(Este texto contém muitos palavrões)
“Eu preciso encontrar um lugar legal pra mim dançar (sic) e me escabelar. Tem que ter um som legal, tem que ter gente legal e ter cerveja barata.” Este é um trecho da música “Um lugar do caralho”, do Júpiter Maçã. Mas no que depender da patrulha de algumas garotas você não vai mais poder cantar em paz. Você terá que cantar “um lugar da boceta”.
Como assim? Ah, segundo algumas meninas, falar “do caralho” significa ser “falocentrista, misógino e sexista”. Você não está entendendo nada? Bem, resumindo: “Por que só o órgão sexual masculino pode significar uma coisa boa? E o feminino?”.
Frase encontrada em um fórum feminista de uma postadora anônima: “Precisamos pensar nos palavrões que usamos. Exemplo, quando alguém manda outra pessoa ‘se foder’ ou ‘tomar no cu’... O que é ‘foder’? Penetrar com o pênis... O que é ‘tomar no cu’? Estupro anal... Percebam a alusão à violência sexual e ao ‘poder do pênis (falocentrismo)’ que as expressões sugerem. Todos os palavrões são assim, misóginos e falocentristas, exaltando a ‘condição de macho’”.
Gente, muita calma, por favor! Isso já está parecendo aquelas escolas construtivistas com nome de árvore que mudam as letras das cantigas de roda para não “incitar a violência” e transformam “atirei o pau no gato” em “não atire o pau no gato”. Um radicalismo muito chato.
Se uma coisa é boa “para cacete”, “para caralho” e “de foder”, isso é só um jeito de falar. Não quer dizer que a gente não goste dos nossos órgãos sexuais, não. Aprendemos há anos. Normal.
Machistas e chatos mesmo são os palavrões que insultam as moças, como: piranha, vagabunda, puta e outras cositas más. O que é uma puta? Alguém que gosta de sexo? Se você xingar uma menina de uma dessas coisas vamos achar isso péssimo.
Mas e falar um “puta que o pariu”? “Às vezes eu falo, quando vejo, solto um puta que o pariu ou filho da puta, mas quero tentar parar de falar”, diz nossa editora convidada, Elisa Gorgulo, organizadora da Marcha das Vadias. E Elisa acha absurdo falar um “legal para caralho”? “Não. As pessoas só têm que saber que as palavras têm seu peso.”
Por aqui, vamos continuar falando, como diria nosso muso Otto: “É pau, é cu, é boceta”. Desculpem aí.