por Bruna Bopp
Tpm #132

De volta à TV em sua segunda novela das 9, Amor à Vida, Daniel Rocha conta como a namorada o ajuda com o personagem e diz gostar de uma DR

O dia começa beirando os 10 graus, temperatura nada animadora para quem vai tirar a roupa dali a poucos minutos. Mas Daniel Rocha parece não ligar. Tira. Pula. Sobe. Molha. Quebra. Sem hesitar atende a todos os comandos do fotógrafo durante a sessão das fotos que ilustram estas páginas. Nem mesmo o vento gelado é suficiente para inibi-lo: sem camisa, joga água na cabeça para mais um clique.

Horas antes, no carro, a caminho da locação, ele estava de blazer azul confessando ter se desacostumado ao frio de São Paulo, onde nasceu. Há um ano e meio, Daniel se mudou para o Rio de Janeiro para trabalhar. O trabalho em questão era sua estreia na TV, na novela Avenida Brasil. “Estava quase desistindo da profissão, depois de tantos nãos [em um papel em Malhação e em campanhas publicitárias]. Quase não fui ao teste de tão desanimado. Só resolvi ir porque o texto para decorar era pequeno”, lembra.

Ele sabe que foi graças a essa decisão que sua vida mudou. Com o sucesso da novela, aos 22 anos ele não passa mais sem ser notado. Tem propostas de trabalho e fã-clubes. “Algumas meninas adicionaram até meu pai no Facebook!”, conta. E o pai conta que aceita todas as solicitações. “Gosto muito. Elas se preocupam com o meu filho, mandam fotos. Quem não gostaria?”, diz Cledson Azevedo.

Amor e morte
A fama também rendeu a Daniel notas em portais de fofocas, especialmente agora, que está namorando. Ele diz não se importar com os flagras, mas não perde a deixa: “Claro que é mais interessante me fotografar beijando minha namorada do que no Graacc [Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer] estudando para o personagem. Seria ingenuidade pensar o contrário”.

Escalado para viver um médico oncologista na nova novela das 9, Amor à vida, Daniel fez laboratório em lugares como o Inca (Instituto Nacional de Câncer). Foi assim que conheceu, há três meses, a namorada, Rafaela, estudante de medicina. “É muito difícil lidar com a morte. Ela está me ajudando a entender melhor tudo isso”, explica.

"Não fujo de DR. Muitas vezes sou eu que começo a falar. Gosto de mulher com personalidade forte"

Diferente de muitos homens, ele admite que gosta de discutir a relação. “Não fujo de DR. Muitas vezes sou eu que começo a falar. Gosto de mulher com personalidade forte, que se eu digo A ela diz B, assim os dois lados têm que tentar mudar para se adaptar um ao outro”, esclarece. Uma das brigas frequentes é na hora de pagar a conta. “Quero pagar sempre e, quando ela quer dividir, é difícil aceitar. Mas a gente se resolve e muitas vezes ela paga a conta inteira.”

Violino e kickboxing 
Filho do meio de um dentista e de uma empresária, Daniel cresceu em uma família tradicional no bairro do Ipiranga, na zona sul de São Paulo. Ainda criança, fazia aula de violino – instrumento que toca até hoje – e de jiu-jítsu, maneira que encontrou de intimidar os meninos mais altos na escola, já que sempre foi baixinho (hoje tem 1,75 metro). Aos 14 anos, já era campeão brasileiro de kickboxing, esporte que praticou até os 18, depois de conseguir títulos nacionais e sul-americanos. Largou a luta quando entrou no grupo de teatro Macunaíma, comandado pelo diretor Antunes Filho.

Foram quase quatro anos, com 6 a 10 horas diárias de prática. Em 2011, durante uma aula, ele e Antunes discutiram – fato corriqueiro, já que o diretor é conhecido pelo gênio forte –, mas dessa vez Daniel pegou suas coisas e não voltou mais. “Não me lembro por que discutimos, já estava no meu limite. Não me arrependo, mas um dia crio coragem e procuro o Antunes. Nunca tive a oportunidade de falar para ele que tudo que sei devo aos anos que passei por lá”, revela.

Poucos meses depois, surgiu o teste para Avenida Brasil. Pela sinopse, Roni, o personagem da novela, era um jogador de futebol apaixonado pelo melhor amigo. O ator, evangélico (o pai, além de dentista, também é pastor da igreja Assembleia de Deus), diz ter encarado numa boa a ideia. “Torci muito para que tivesse rolado um beijo gay. Seria uma descoberta importante para o personagem, uma amizade que de repente viraria amor”, conta. O pai completa: “Quando ele me contou sobre o personagem, não vi problema. Sempre ensinei para o Daniel que é preciso fazer o seu melhor em tudo. Era a vez de ele mostrar a que veio na profissão”.

O ator Otávio Augusto, que interpretou Diógenes, pai de Roni na trama, elogia o comprometimento de Daniel. “Ele é muito talentoso e aplicado. E isso é de uma importância tremenda para um ator. Não foi à toa que o personagem foi um sucesso." 

 "Não tenho medo de acharem que sou só mais um rostinho bonito."

Rostinho bonito
Empolgado, ele entrega que o ensaio para a Tpm aconteceu no momento certo. “No fim de Avenida Brasil, estava mais gordinho. Agora, estou correndo 40 quilômetros por semana na academia.” Em seguida, jura que não é muito vaidoso. “Gosto de me vestir bem. Minha vaidade para por aí. Não passo nada no rosto, por exemplo.” A barba por fazer o deixa ainda mais atraente. O rosto desenhado e o olhar expressivo fazem justiça ao título de galã. “Não tenho medo de acharem que sou só mais um rostinho bonito. Sei que tenho muito mais para mostrar.”

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