Costa Rica para meninas

por Layla Motta
Tpm #98

Cinco amigas foram pegar ondas nas melhores praias do país

Layla, Julieta, Patricia, Nina e Thaís foram pegar onda nas melhores praias da Costa Rica e trouxeram na bagagem o primeiro vídeo de uma série em que são protagonistas

Viajar só com meninas para surfar era um sonho que minhas amigas e eu sempre tivemos. Mas nunca conseguíamos conciliar horários, compromissos e grana. Até que, em julho do ano passado, acompanhei, numa viagem à Costa Rica, meu namorado e seus amigos - todos surfistas que trabalham com vídeo e gravaram a trip para um projeto independente (que ainda não foi lançado). Percebi que minha viagem poderia se tornar possível se transformada num trabalho. Então, me juntei a quatro amigas e planejamos alto: que tal uma série de vídeos sobre surf, cultura, estilo de vida e natureza, com a nossa cara? Começava ali o projeto Serotonina. Primeiro destino: Costa Rica.

 

O embarque estava marcado para dali a duas semanas, e estava difícil encontrar alguém para nos apoiar tão em cima da hora. Depois de momentos de alegria e empolgação seguidos de vontade de desistir, conseguimos patrocínio, e, para fotografar, Marcelo "Tchellão" Vasconcellos, produtor e fotógrafo de surf que conheci quando viajei com meu namorado e seus amigos.

Então, lá fomos as cinco: Pat, Juju, Nina, Thaís e eu para o aeroporto. Mas tivemos a péssima notícia de que a Nina não poderia embarcar porque fazia menos de dez dias que tinha tomado a vacina contra febre amarela. Foi triste abandoná-la às cinco da manhã sozinha, mas não podíamos deixar a peteca cair.

Nosso primeiro destino era a Playa Hermosa, a uma hora de San José (capital do país). No caminho, paramos o carro perto de uma ponte e, quando olhamos pra baixo, estava lotado de crocodilos enormes tomando sol. O calor estava pegando. A Costa Rica é dividida em duas estações: a de seca, entre dezembro e maio, e a de chuva, entre maio e dezembro. Estávamos na de seca.

 

A Playa Hermosa é extensa, o mar muito azul, e a areia preta é "a" característica do lugar - e tão quente que fez bolhas no pé da Thaís. Surfávamos sozinhas, escolhendo a onda. De repente, ouvimos uma sequência de barulhos estranhos... Eram arraias fazendo um show: pulavam muito alto e caíam chapadas na água.

 

Na noite seguinte, um grande evento: fomos praticar surf noturno. Estava marcado para as oito da noite e, enquanto anoitecia, as vozes nos arredores do mar iam sumindo. Uma mistura de medo com curiosidade nos envolvia. Na Playa Hermosa já houve muitos ataques de crocodilos. Ataques mortais. Eu era a única que sabia disso, mas guardei segredo pra não estragar a noite.

Fomos recebidas com um coquetel no hotel perto da praia, com aquelas luzes de estádio viradas pro mar. Já na praia, quando a luz acendeu, vimos uma plateia esperando nossa ação. O nervosismo aumentou. Atravessamos a arrebentação e, de repente, uma onda estourou em cima da gente. Era impossível enxergá-la antes. Cada uma pegou o que conseguiu até vermos uma enorme mancha negra debaixo d'água. Saímos nos enrolando nas ondas com o coração na goela. Não sei até agora se aquilo era tubarão, crocodilo ou algo do tipo, mas a sensação de medo foi absurda. Poderia ter um muro na frente que conseguiríamos pulá-lo!

Tartarugas, lagartos e novos amigos

Chegamos a Mal País, uma região cheia de gente bonita, hippies e surfistas. Acordamos no escuro, e o café da manhã era um pique-nique na praia para podermos surfar sozinhas. No dia seguinte, tínhamos uma viagem de sete horas pela frente, rumo ao norte: Playa Negra e Tamarindo. A estrada é linda, passamos por praias, balsa, fazendas, árvores gigantes e muitos animais - a fauna da Costa Rica é impressionante, nos acostumamos a ver lagartões, araras, gaviões, pelicanos, esquilos... A Nina estava vindo do Brasil para nos encontrar em Tamarindo. Finalmente o grupo ficaria completo.

Em Playa Negra tivemos os melhores momentos da viagem. Ficamos na pousada de um casal peruano, Giovanna e Martin. Eles estão na Costa Rica há 18 anos e pareciam nossos amigos de longa data. Os dois se encontraram lá depois de terem vivido em vários lugares do mundo. Chegaram até a morar em Playa Negra acampados, com os filhos, por meses. A eletricidade só chegou lá em 2002.

Fomos surfar, dessa vez com a companhia da Giovanna. A recepção no crowd certamente teria sido mais tensa se fôssemos um grupo de meninos, afinal, invadimos o point break de Playa Negra, cheio de locais. Mas meninas são sempre bem-vindas... Logo que chegamos, um surfista pegou nas mãos uma tartaruga que nadava entre nós. Outro surfista pediu para deixá-la em paz e disse que as tartarugas são as verdadeiras locais do pico. Ficamos amigas desse segundo cara, o Joey. Biólogo, ele trabalha com as tartarugas-verdes, uma das espécies da região, e nos avisou que naquela tarde tartaruguinhas iam nascer e que filmar aquilo seria importante para ele. Então acompanhamos aquele momento mágico: mais de 80 tartarugas recém-nascidas correndo em direção ao mar, guiadas pelo pôr do sol.

Giovannscamos um xaréu. Para completar, era aniversário do Martin. Foi difícil ir embora, nos sentíamos fazendo parte do pico.

No último dia fomos para as montanhas: Monteverde. Depois de muito calor e poeira, um pouco de frio. A mata voltou a ser verde e os rios voltaram a ter água. Entramos na floresta fazendo 13 tirolesas, sendo uma com 100 metros de altura e 1 quilômetro de extensão. Impossível não se sentir um pássaro por cima das árvores.

A viagem chegou ao fim e o sorriso não saía do nosso rosto. Todas as portas se abriram, fizemos altas imagens - que estão no vídeo disponível no wave.com.br - e amigos pro resto da vida.

*Layla Motta, 21 anos, mora em São Paulo, faz artes plásticas na Faap, mas toda sexta-feira arruma as malas e desce a serra em direção ao mar

DICAS

QUEM LEVA
A Taca Airlines, companhia que viaja toda a América Latina, é pontual e organizada. O preço de ida e volta para San José (capital da Costa Rica), partindo de São Paulo e com escala em Lima, no Peru, sai por R$ 1.850, com impostos e taxas inclusos.

A agência Nivana Turismo é especializada em turismo para a Costa Rica. R. da Consolação, 222, 13º andar, cj. 1.302, São Paulo, (11) 3256-1590 begin_of_the_skype_highlighting              (11) 3256-1590      end_of_the_skype_highlighting, nivana.com.br.

PRA LEVAR NA MALA
Muito protetor solar, chapéu, tênis ou bota para atividades aventureiras. Se a estação for inverno (verão no Brasil), levar capa de chuva e um agasalho - mas mesmo assim é quente o ano inteiro. Se for verão, levar casaquinho só para o avião e bastante hidratante, é tudo muito seco.

PARA PODER VIAJAR
Para entrar na Costa Rica é obrigatório tomar vacina contra a febre amarela dez dias antes de embarcar. A vacina é gratuita e disponível em postos de saúde em todo o país. Você precisa ter na sua bagagem o Certificado Internacional de Vacinação (CIV), de cor amarela. Para trocar o cartão de vacinação é só procurar um dos postos da Anvisa em qualquer aeroporto brasileiro. Leve um documento oficial com foto. Para mais informações, entre no site do Ministério da Saúde, bvsms.saude.gov.br.

ONDE SURFAR
Quase todo o litoral do Pacífico é surfável, e as praias mais legais são: Playa Hermosa, a uma hora de San José; um pouco mais ao norte tem Mal País e Santa Tereza, que são beach breaks - uma onda mais gorda que abre pros dois lados; bem ao norte tem Playa Negra, um point break de direita mais rápida e cavada; e, pra pegar uma baladinha, Tamarindo, destino certo da turistada gringa. O passeio de barco para Roca Bruja e Ollie's Point vale a pena para quem surfa, pesca ou está a fim de conhecer uma praia deserta. O rolê é lindo. O barco sai de Playa del Coco e custa de US$ 200 a US$ 300, que podem ser dividos em até seis pessoas.

PARA RODAR O PAÍS
A Costa Rica é pequena e tem muitos lugares que valem a pena conhecer. Alugando um carro na locadora Hertz, em um mês dá pra conhecer quase o país inteiro. Paseo Colón. Av. & 38th St, San José, (506) 2221-1818, hertz.com. Para alugar um carro, o motorista tem que ter mais de 21 anos e um cartão de crédito internacional com limite mínimo de US$ 1.500.

ONDE FICAR
San José: pra uma noite de descanso, antes ou depois da trip, indico o Best Western, que é próximo do aeroporto. A diária sai por R$ 110. Se você ficar mais de 3 dias, eles fazem um desconto. 7th Ave. & 6th St, (506) 2255-4766, bestwesterncostarica.com. Playa Hermosa: de frente pra praia, tem o Hotel Fuego del Sol. É simples, mas confortável. Encontro certo com outros surfistas. A diária sai por R$ 120, com café da manhã. (506) 2289-6060, fuegodelsolhotel.com. Pra um pouco mais de luxo tem o Hotel Resort Terrazas del Pacífico, no canto direito de Hermosa, que oferece luzes para um surf noturno. A diária fica R$ 180 por pessoa. (506) 2440- 6862, terrazadelpacifico.com. Mal País: lá, ficamos no Beija Flor Resort. Os quartos são uma delícia pra casal ou amigos, o banheiro é enorme, com chuveiro a céu aberto. O hotel possui um lounge de madeira, com tecidos e aros de circo. A diária é R$ 130. (506) 2640 1007, beijaflorresort.com. Playa Negra: Hostel Kontiki, espírito bem Costa Rica. Bangalôs simples de madeira. Superalto-astral e sempre um pessoal legal por perto. Sai R$ 18 por pessoa, sem café da manhã. Com café, fica R$ 27. (506) 2652 9117, kontikiplayanegra.com. Monteverde, a duas horas de San José: nas montanhas esfria um pouco, e as choupanas de madeira no meio do mato, do Hotel Finca Valverde's, são super-românticas. Vale a pena fazer o canopy da região, conhecer a estufa e o jardim de beija-flores. A diária fica R$ 140, com taxas inclusas. (506) 2645-5157, monteverde.co.cr. A Clickhoteis oferece hotéis no mundo inteiro. Reservas, (11) 2196-2900, clickhoteis.com. Em San José, na Costa Rica, são nove opções, como o cinco estrelas Aurola Holiday Inn, aurolahotels.com.

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