Cinderela moderna

por Flora Paul

Em cartaz em São Paulo, peça Cindi Hip Hop discute a busca por sonhos mais pé no chão

Um pedreiro, uma jogadora de basquete homossexual, uma empregada doméstica e um poeta de rua são as "Cinderelas" que, apesar de não procurarem por um príncipe encantado, representam a princesa dos contos de fada na peça Cindi Hip Hop, do Núcleo Bartolomeu. "Pensamos: quem seria essa Cinderela, nos dias de hoje? Alguém que consegue realizar seus sonhos", explica Roberta Estrela D'Alva, diretora da peça.

O sapatinho perdido, na versão urbana da peça em cartaz em São Paulo, é transformado na busca para reencontrar um pai, arrumar um par do mesmo sexo, conseguir completar os estudos e lançar seu próprio livro. As "Cinderelas" modernas lidam com outros problemas, adaptações das personas encantadas dos livros: "A madrasta não necessariamente é uma bruxa má, ela pode ser a preguiça. A fada madrinha pode ser aquele amigo que dá um conselho", conta a diretora. A ideia não é reviver o conto de fadas, e sim mostrar como ele pode acontecer cotidianamente.

A linguagem do teatro hip hop, estudada há mais de nove anos pelo Núcleo, tenta juntar a pulsação da dança e do estilo das ruas com os palcos do teatro. "A gente fala teatro hip hop porque não é uma companhia de teatro que também faz hip hop. Nenhuma linguagem é subserviente a outra. A premissa é misturá-las". O resultado é uma ópera rap com estética dos anos 80 que busca um público jovem. "Já tínhamos vontade de fazer uma peça especificamente para jovens faz tempo, mas apesar de ser uma linguagem jovem, nunca tínhamos feito nada com essa temática".

 

Entre os próximos planos do grupo está a vontade de levar a peça para outras cidades.

Vai lá:
Cindi Hip Hop no Centro Cultural São Paulo
Rua Vergueiro, 1000, Liberdade, São Paulo
até 28 de outubro
terças e quartas às 19h30
Quanto? R$ 10 (tem meia-entrada)
Tel.: (11) 3397-4001
Classificação indicativa: 12 anos

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