Brincando de maquiar

por Flora Paul

Blogs, farmácias e erros na hora do make: falamos com Fabiana Gomes, maquiadora top da M.A.C

 

No último São Paulo Fashion Week, que aconteceu em junho, Fabiana Gomes foi responsável pela maquiagem de seis desfiles. A maquiadora top da M.A.C Cosmetics estava numa correria tão grande que deu uma entrevista falando de uma marca, quando estava no backstage de outra. E quase não percebeu! Depois de fazer teatro e direito, Fabiana só assimilou que seria maquiadora profissional quando já estava na equipe da concorrida marca de cosméticos. Até então, era só um hobby querido. Hoje, em uma posição para poucos e bons, não poderia fazer outra coisa. "Consigo me divertir trabalhando", comentou, durante o lançamento da última linha de maquiagens da marca.

Ao site da Tpm, a top falou sobre blogs, comprar produtos em farmácia (ela adora!), seu ritual de beleza e o principal erro das pessoas quando pensam em maquiagem.

Quando você começou a gostar de maquiagem?
Quando entrei na puberdade, eu acho. Comecei a me maquiar, fazia traçado de delineador com lápis preto bem vagabundo, desses que se compram na venda do bairro, da pior marca. E delineava. Depois que virei adulta, ainda em Curitiba, o grupo com o qual eu me relacionava era superligado em moda, em artes, cinema, teatro. Sempre estive em contato, então sempre foi latente. Sempre muita moda, cor, forma.

E quando percebeu que esse interesse poderia virar uma profissão?
Já na M.A.C! Eu sempre tive uma relação com maquiagem, quando adolescente. Era atriz, fazia teatro, então me maquiava, maquiava os outros atores, mas não como uma profissão. Queria fazer psicologia, quando mais nova, aí comecei uma faculdade de teatro e me formei em direito! E cheguei à maquiagem. Na verdade a maquiagem sempre foi concomitante com todas as coisas que eu fazia. Era um hobby. Então só depois que eu vim pra M.A.C que internalizei: "Isso é legal, eu gosto, é o que eu quero fazer". Na época eu trabalhava com o Lino Villaventura; e, quando a M.A.C veio para o Brasil com a primeira equipe, de alguma maneira meu currículo foi parar lá.

Qual é a diferença entre o make do desfile e o que vai para as ruas?
Isso não é mais uma regra, hoje em dia a gente vê muito make de beleza na passarela, mas geralmente é uma maquiagem conceitual. É sempre o mais: mais forte, mais exagerado, mais intenso, maior. Quando essa linguagem vai para as ruas ela é amenizada, adaptada.

Qual você acha que é a real função da maquiagem?
Eu acho que não tem só uma real função. A primeira é deixar mais bonita, mas você pode usar para várias outras funções. Pode usar maquiagem para caracterização, para mudar completamente uma pessoa, pode até mesmo enfeiar. Eu também fazia maquiagem de ópera, e você executa a maquiagem em um outro âmbito. Mas, a meu ver, a primeira função é embelezar. Quando eu olho para uma pessoa, penso em como posso melhorá-la com maquiagem, como posso valorizar os traços naturais, a expressão.

Como é seu ritual diário de maquiagem?
Parece loucura, mas eu não saio de casa sem base. Não saio. Aí também uso corretivo, faço boca, mas pode ser só com um hidratante mesmo, curvex, máscara e blush. É o essencial, é o que me faz virar Fabiana, sem isso não sou eu. É uma outra.

O que você acha dessa onda de blogs sobre maquiagens? Você visita algum?

Eu acho legal porque é um outro meio de educar, e você vê pessoas que querem aprender. Eu também aprendo com os blogs, acho o máximo. Eles mudam ideias, ensinam novas técnicas de pincel, bombam uma cor que estava adormecida. Tem produtos que foram alavancados por blogs. Eu visito vários com frequência. Gosto do blog da Victoria, o Dia de Beauté, também visito alguns gringos, que não falam necessariamente de maquiagem, como o Jak and Jil, o Sartorialist. Sempre entro, adoro. E tem outros que eu tenho que são minhas fontes de pesquisa, então eu não revelo!

Qual é o maior erro quando as pessoas pensam em maquiagem?

O medo.

E qual é o seu conselho para elas?

Percam o medo, usem, brinquem. Com maquiagem você pode brincar, depois lava o rosto e sai. Não precisa ter medo. Experimenta, usa, se não de certo dá pra tirar.

Você compra produtos que vendem na farmácia?
Ah, usos várias coisas de farmácia, adoro farmácia. Sou consumidora de farmácia, sabia? Gasto fortunas. Quando entro em uma, nunca saio sem gastar uns R$ 150! Eu começo a achar coisas, compro pentes, escovas, spray, esfoliante, Minâncora, protetor solar, tudo.

O que mais te interessa, fora maquiagem?
Gosto muito de viajar, e com a M.A.C eu tenho que, necessariamente, viajar a trabalho, então sempre aproveito, tento me divertir. Eu não vou e fico só entre o hotel e o trabalho, sempre tento conhecer a cidade, sair pra jantar. É uma das coisas de que mais gosto na M.A.C, consigo me divertir trabalhando. Também gosto de cinema e literatura, muito, mas em primeiro sempre estão os meus dois filhos. Adoro ficar com eles, brincar, ir no parque para jogar futebol.

Qual foi a última loucura que te aconteceu durante a correria de semana de moda?

O que eu posso contar que é publicável? [Risos.] Bom cansei de ver modelo desmaiar, tanto que nem é mais louco, é comum. Elas vão desfilar, esquecem de comer, não é bom. Mas não, quero pensar alguma coisa engraçada! Nessa última temporada estava tão alucinada, correndo, que dei uma entrevista falando do make da Iódice, descrevendo ele, no backstage da Forum. E a jornalista também estava na loucura e foi junto comigo, concordando. Foi o cinegrafista que percebeu e falou "Mas a gente não está no backstage da Forum?". Tivemos de recomeçar do zero.

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