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Bastidores

Maria Ribeiro conversa com Marcelo Rubens Paiva, diretor da peça que a atriz irá estrelar

Maria Ribeiro, o ator Marcos Damigo e Marcelo Rubens Paiva no ensaio de Deus é um DJ

Maria Ribeiro, o ator Marcos Damigo e Marcelo Rubens Paiva no ensaio de Deus é um DJ / Créditos: Caio Blat


Por Maria Ribeiro TPM #113

em 14 de setembro de 2011

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Dizem que os amigos que fazemos no teatro duram para sempre. Conheci Marcelo há dez anos, quando atuei na segunda montagem de Feliz ano velho. É claro que antes disso já tinha lido o livro e sabia por alto da história dele: um cara lindo e inteligente que tomou duas porradas no começo da vida, o desaparecimento do pai e um acidente que o deixou tetraplégico. Quando o deputado Rubens Paiva foi tirado de casa pelos militares, Marcelo tinha 11 anos. Quando bateu a cabeça num lago raso em Campinas (SP), 20.

Desde então, esse rapaz paulistano de 52 anos nunca coube no papel de vítima: escreveu livros que venderam muito, foi apresentador de TV, autor de teatro, repórter, colunista de jornal e agora dirige peças, razão pela qual nos reencontramos. Há uma semana nos vemos diariamente para ensaiar Deus é um DJ, texto do alemão Falk Richte, dos anos 90, que fala de um assunto tão batido que quase soa datado: a fama a qualquer custo, mesmo tema de Closet show, peça escrita por Marcelo.

Cheguei ao seu apartamento carioca avisando que nunca entrevistei ninguém para uma revista, mas talvez nossa intimidade servisse para alguma coisa.

Maria Ribeiro. Você gosta de ser famoso?
Marcelo Rubens Paiva. Mais ou menos. Hoje é mais tranquilo. Quando saiu o Feliz ano velho foi assustador. Fiquei muito famoso nos anos 90. Apresentava um programa diário na TV Cultura, o Fanzine. A televisão é realmente perigosa, você fica conhecido, mas também muito sozinho, como falamos na nossa peça. Quando o programa acabou, fui morar nos Estados Unidos e adorei ser anônimo. Hoje em dia eu fujo da TV, não quero mais. Ser famoso em si não quer dizer nada, o importante é ter trabalhos legais.

Mas você tem Twitter e blog, além de escrever semanalmente em O Estado de S. Paulo. Acredita que o Twitter é um business, uma egotrip, ou realmente quer dizer coisas ali?
Quero dizer coisas. Sou muito inquieto. Não seria feliz só com a coluna, preciso de mais espaço, de liberdade. Embora nunca tenha sido tolhido pelo Estadão e goste de escrever em um jornal, digamos, mais “conservador”.

Para um autor que já ganhou o Jabuti (por Feliz Ano Velho), você recentemente tem feito mais cinema e teatro do que literatura. Por quê?
É mais difícil escrever para teatro do que romance. E eu me identifico com as pessoas do teatro. Quando o Paulo Betti me procurou para montar Feliz ano velho, aquilo me fez muito bem. Viajei com a peça por vários países, fiquei amigo dos atores, gostei de viver naquele mundo. E virei diretor porque algumas peças minhas foram muito mal montadas. Fico muito bravo quando escolhem as músicas erradas. Sou muito ligado em trilha, e agora quem manda sou eu!

Vai lá: Deus é um DJ Teatro Oi Futuro – r. Humaitá, 163, Rio de Janeiro, RJ, (21) 2535-3846. De quinta a domingo, estreia 6 de outubro

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