por Carol Sganzerla
Tpm #90

No elenco da Globo, a atriz de talento e campeã da Casa dos Artistas busca credibilidade

Hector Babenco descobre que vai ter peixe para o jantar enquanto abre um pote de azeitonas na cozinha da casa para onde Bárbara Paz se mudou há uns meses. Ele resmunga, cumprimenta a repórter e sai de cena. “Queria tortilla”, revela à patroa, em tom de fofoca, a empregada, que se recusa a trocar o cardápio. Bárbara concorda. A pizza do domingo excedera as calorias da semana. O casal está de regime. Ela, prestes a encarnar uma menina de 20 e poucos anos que sofre distúrbios alimentares na próxima novela das oito, Viver a Vida, de Manoel Carlos. Ele, pelos cuidados que um senhor de mais de 60 anos deve ter com a saúde. Vinte e oito anos distanciam o nascimento de Bárbara e Babenco. Mas bastaram minutos para que ela quisesse se jogar na “imensidão” que diz ser o cineasta. Por mais explícito que seja o hiato de gerações, o raio X dos 34 anos de Bárbara diagnostica 68.

Caçula de quatro irmãs, só deu tempo de guardar duas lembranças do pai: a barriga e os mimos que recebeu até os 6 anos, idade que ela tinha quando o viu morrer de cirrose, após dobrar as doses diárias de cachaça. Mas isso desde que Bárbara nasceu. No único parto que dona Iray dispensou a parteira e chamou a ambulância, ganhou a filha mas perdeu um rim. Ali, deu-se início a uma vida de hemodiálise. Por 17 anos, Bárbara foi o suporte da mãe contra a doença, até vê-la falecer. Órfã de pai, mãe e das irmãs já casadas, mandou-se para São Paulo atrás do sonho de ser modelo. Ela só não esperava que tão rápido ele seria derrubado. Seis meses depois, numa manhã de Natal, sofreu o acidente de carro que estampou as duas cicatrizes que marcaram para sempre seu rosto – e sua vida.

Como uma avalanche, Bárbara viu suas tragédias em rede nacional na primeira edição da Casa dos Artistas, em 2001, quando reality show era inédito no país. Ao lado de Supla e Alexandre Frota, ganhou notoriedade, sagrou-se campeã e se tornou protagonista de Marisol, a primeira novela do SBT a disputar ponto a ponto a audiência global. Em 2002, a gaúcha de Campo Bom era a celebridade mais popular da televisão. Nada planejado, tampouco desejado. Só vivido. A ela não sobrava tempo para questionar os convites que despencavam sobre seus 27 anos e nenhuma experiência na TV.

Sem amarras
Nesse mesmo ano, porém, ela iniciava a temporada das peças que a consagraram uma atriz talentosa no teatro. Ao lado do então namorado Dalton Vigh, estrelou A Importância de Ser Fiel, de Oscar Wilde, e a rodriguiana Os Sete Gatinhos, sucessos de público. Bárbara, ali, acalmou o brio dos críticos que a taxavam má profissional, fato repetido em Cristal (2006) e Maria Esperança (2007), folhetins do SBT. O forte da moça era, sem dúvida, o teatro. Dirigida por Antunes Filho, Zé Celso, Paulo Autran e Bibi Ferreira, no tablado seu talento crescia. “O teatro me liberta das minhas cicatrizes porque não tem uma câmera fechada”, admite a atriz, que se diz pronta para integrar o time da Globo e comandar, em agosto, o Curta São Paulo, programa de sua autoria no Canal Brasil. Afinal, tudo tem seu tempo. E, agora, Bárbara vive tempos de paz.

Tpm. As pessoas sempre tiveram uma imagem meio trash de você. Por quê?
Bárbara Paz. Sempre existiram dois mundos. Tenho uma Bárbara underground que fazia todos os trabalhos que pintassem, se era trash ou não, queria experimentar. Se era ruim ou não só ia saber depois. Não tive muito critério nas minhas escolhas, mas acho que faz parte de um aprendizado. Aquela Bárbara trash, de reality show, não deixa de ser eu, só que era alguém tentando se achar, alguém em busca da identidade. Nunca me preocupei em saber que estava passando uma imagem errada do que realmente sou. Porque nunca me preocupei com os outros, estava querendo viver.

Nunca te incomodou as pessoas te julgarem esquisita? Sei que sou esquisita e acho bom, porque a perfeição é monótona. Não sou muito normal e também não gosto de pessoas muito normais do meu lado. Pra mim, tem que ser tudo um pouco esquisito, um pouco anormal.

Você usa sua esquisitice como um escudo? Sempre vendi essa imagem da doida, da louquinha, mas no fundo não era. Então, estou aprendendo a usar cada vez mais essa imagem que passava nos meus personagens, onde posso criar, não em mim mesma. Estou tentando deixar a Bárbara crua e construir em cima dela, não sair com ela, com as personas que criava. Estou direcionando as coisas. Senão, fica uma confusão de quem realmente sou.

Quem é a Bárbara Paz? Não sei. Sei que ela está sempre em processo, criando. Mudei tanto nos últimos anos. Hoje vejo umas fotos e falo: “Essa sou eu, essa não sou eu”. O que mais me incomodava era meu cabelo, não tinha noção que meu cabelo era tão loiro. Hoje entendo mais o preconceito das pessoas, porque penso: “Como é que vesti isso, meu Deus. como é que fiz essa maquiagem?” A psicanálise tem me ajudado a descobrir o que sou eu e o que são personas que inventei. As cascas foram caindo e já consigo me ver. Para sobreviver neste mundo a gente acaba colocando escudos que afastam a gente da gente mesmo. Então o caminho mais fácil era ser loira, trabalhar com meu corpo, assim teria mais trabalho. E, no fundo, não era isso que eu queria.

O que você queria na época? Sempre tive muita personalidade, mas tem um lado meu ingênuo até, do interior, que se deixou levar pelo que estava acontecendo no momento. Meus pais faleceram cedo, sempre fui a minha conduta perante a vida. Nunca tive ninguém que me dissesse o que era certo e errado no jeito de me vestir. Sempre fui uma pessoa muito sozinha em busca de alguma coisa que me salvasse e de conquistar o que realmente acreditava. Então fui com o movimento, com as coisas que foram me oferecendo. Hoje o importante é saber que posso criar e não ser só um corpo. O caminho mais fácil é ir para uma televisão popular, virar apresentadora de um programa e ganhar milhões.

Você não ganhou dinheiro com as novelas do SBT? Não, atriz ganha muito pouco perante a notoriedade que tem, pelo tanto que trabalha. Sempre fui contratada por obra, nunca por um tempo longo. Senão aí estaria rica [risos]. Quem ganha é apresentadora. Mas poderia ter ido para um outro caminho, de celebridade popular, o caminho estava todo aberto, mas não era isso que queria, por muito tempo fiquei na televisão sem estar feliz. Quando fiz a primeira novela fiquei muito infeliz.

Por quê? Estava muito famosa, muito sozinha, a família mora longe, não estava namorando. A Casa dos Artistas acabou em dezembro e em março estava na novela, no olho do furacão. Eu escutava as pessoas, elas me davam a roupa para vestir, já não vestia as minhas roupas, fui perdendo a minha identidade. E fui trabalhando, tinha um contrato, tinha que fazer. E muita crítica em cima. Você enlouquece. Se a coisa não der certo está ali nos jornais, as pessoas estão te cobrando. E essa novela deu muito Ibope.

A fama te consumiu? Comecei a conhecer um outro mundo que não me deixava feliz. Acabou a novela e falei: “Mas isso é a fama, é isso que quero da minha vida?”. Fiquei exausta de trabalhar, não sabia o que fazer, não tinha uma orientação do que era fazer novela, não tinha um coach, não conseguia nem ver o que fazia. Era tudo um excesso. E televisão não é isso, é o menos. Isso faz nove anos. Então aprendi tanto nesses anos, a carreira do ator é a longo prazo, quanto mais você faz, mais aprende. Sou uma grande estudiosa da vida, escuto muito, ouço, gosto de aprender, preciso. Minha cultura foi muito pequena, não tive uma família estruturada, um pai que lesse coisas que me ensinassem, então tenho sede de conhecimento.

Aquela Casa dos Artistas te deixou muito marcada. O que você carrega dessa experiência, nove anos depois?
Ao mesmo tempo em que guardo uma lembrança boa, foi uma lavagem cerebral, demorou muito tempo para eu sair da viagem da casa, do Supla. Não existia aquilo na época. E aquilo era eu, com altos e baixos, com loucura. Até hoje as pessoas falam: “Olha a menina da Casa dos Artistas”. É muito surreal, é que nem Odete Roitman, só que sou eu.

Por que acha que ganhou?
Quem ganhou mesmo foi o Supla. Porque ele conquistou o público. Eu ganhei porque tenho uma história de vida triste e fui honesta lá. Fui tão honesta que cheguei a ser chata [risos]. Porque a gente é chata, a gente não acorda todo dia igual, mulher tem TPM, tem altos e baixos, mulher tem ciúmes. Como já disseram: “Um bicho que sangra todo mês não pode ser normal”. E chego a ser tão feminina que sou masculina ao extremo. Tenho um lado masculino muito forte, fui meu próprio pai.

Esse seu lado masculino tem relação com a ausência da figura paterna? Sem dúvida. Sou a quarta mulher. Meu pai faleceu de cirrose quando eu tinha 6 anos.

Ele bebia muito? Bebia como um cachaceiro do interior. Foi vereador, prefeito, figura conhecida na cidade, virou nome de rua. Era uma família querida, só que ele perdeu as últimas eleições e começou a beber ainda mais achando que minha mãe ia morrer. Descobriu a cirrose e morreu em menos de um ano.

Você lembra dele? Pouco. Lembro da barriga grande, mais das coisas que me contam, que eu era o xodó dele. As minhas irmãs tinham muito medo dele.

E a relação com sua mãe, como era? Minha mãe era minha melhor amiga, me ensinou tudo. Meu pai faleceu e ficaram cinco mulheres à espera de um maestro. Esse maestro não chegou, então crescemos sem a figura do pai. Meu avô materno morava com a gente, mas era muito doente. Então cuidava do avô e da mãe. E era uma criança. Nunca fui criança na verdade. Sempre soube que ia ficar sozinha. Por isso, adorava acompanhar ela no hospital porque sabia que podiam ser os últimos minutos. Dormia abraçada com ela. Substituí meu pai ali.

Vocês tinham boas condições de vida? Minha família era dona da rodoviária da cidade, mas o dinheiro foi acabando depois da morte do meu pai. Aí vieram só dívidas, medicação, doença. Então pintava artesanato e vendia. Trabalho desde os 9 anos, fiz minha carteira de trabalho com 12. E, quando ela faleceu, tinha 17 anos. Falo que ela descansou, porque já estava com a perna quebrada e, há dois anos sem andar, era puro osso. Já sabia que ela estava indo embora.

Não tinha chance de cura?
Ela podia ter tirado um rim de uma filha e ter feito o transplante, era a única coisa que daria certo. Mas fazer isso com uma filha era inconcebível. Ela é a coisa mais sagrada que tenho, devo tudo a ela, mesmo que não tenha tido nada de cultura. Ela era uma mulher do interior, tinha um cavalo branco, morava numa cidade chamada Areia Branca, filha de um padeiro que trabalhava numa loja de tecidos e que com 34 anos ficou doente.

Você carrega a culpa de ter causado a doença da sua mãe? Sempre. Carrego isso comigo até hoje. Quando era pequena era mais forte, ouvia muito: “Ah, quando você nasceu sua mãe adoeceu”. Tenho essa culpa, mas é uma coisa que está ficando para trás. Me pergunto muito o porquê da doença, o porquê da morte. Por isso vivi a minha vida intensamente.

Sua mãe morreu e seis meses depois você sofreu o acidente? Foi. Estava com 17 anos e tinha começado a trabalhar como modelo, ela estava toda orgulhosa. E, antes de ela morrer, meu primeiro namorado, que eu amava, terminou comigo achando que tinha traído ele. A gente era o casal 20 da cidade. Ele me deixou, perdi minha mãe e perdi minha pele de pêssego.

Quem estava dirigindo? Uma amiga de adolescência. Estava a irmã dela também, e todas alcoolizadas.

O que aconteceu? Só lembro que eram sete da manhã do dia 25 de Natal. Nem deu tempo de botar o cinto. Andamos 500 metros e batemos numa árvore, ninguém sabe explicar. A gente estava na casa de um amigo, eu já tinha dormido, acordado e fomos embora. Todas sobreviveram, mas elas tiveram traumatismo craniano. Foi surreal, como uma cena de um filme. Porque foi muito forte. Eu vi as duas ensanguentadas. Abri a porta do carro, quebrei o vidro, quebrei o braço quebrando o vidro, saí, ainda ajoelhei no meio da rua e comecei a rezar.

Se lembra dessa cena exatamente? Lembro que chamava minha mãe, que pedia desculpas. Queria acordar porque pra mim aquilo era sonho.

Sentia dor? Nada, estava em choque. Nem sabia que estava com o rosto totalmente caído, porque ele abriu, cortei tudo dentro da boca, dei quase 500 pontos. Cada vez que gritava abria mais, estava cheio de caco de vidro. Foi um acidente horrível. Não tinha ninguém na rua. Uma mulher viu e não teve coragem de chegar perto. Dois dias depois ela foi atrás do hospital para saber quem eu era, se tinha morrido, ela tinha que me ver, estava traumatizada.

Vocês foram para o mesmo hospital? Sim, o pai delas era cirurgião plástico, operou as duas. Graças a Deus fui operada por um amigo dele. Se não tivesse feito ponto de plástica, não sei como estaria.

Quem cuidou de você? Fiquei ao deus-dará. Eu cuidei de mim. Ninguém me acolheu. Adoro minhas irmãs, minha família, mas, vou falar, ninguém me acolheu. Não tive um berço que talvez hoje tenha. Nunca tive um porto desde que nasci. Não só porque minha mãe faleceu, mas porque cada um tinha que sobreviver de algum jeito. Peguei duas malas e fui embora, não tinha mais o que fazer lá.

Voc ê ainda encontra as duas amigas? Nunca mais a gente se viu.

Nunca mais se falaram? Logo depois do acidente sim. Mas tinha a coisa da culpa. Muita gente culpava a garota que estava dirigindo, só que não tinha como culpar ninguém, éramos adolescentes. Se alguém foi culpado foi quem deu o carro, porque ele não era nosso.

Você tem vontade de vê-las? Nossas vidas se encaminharam para coisas diferentes. E acho que as pessoas têm que evoluir. Sou muito cabeça-dura nesse sentido. Aquelas que não querem parar de beber, que querem ser as adolescentes de sempre, não concordo com isso. Não cultivo a amizade porque não me identifico mais. E já faz 17 anos, passou muito tempo.

Você aceitou o acidente? Tive que aceitar. Nem sei se a palavra é aceitação. Uma mulher com duas cicatrizes no rosto, claro que falo: “Por que tiraram o que tinha de mais importante?”. É inconcebível, mas me aceitei e só sei que sou eu e minhas cicatrizes.

O que o acidente mudou em você? Envelheci, amadureci da noite pro dia, vivi preconceitos que não conhecia. E comecei a perceber que a beleza externa é efêmera. Se você ficar só no fora, vai acabar tudo tão rápido, é tão vazio. Comecei a ler, a estudar, me fez ter um conhecimento muito maior sobre o ser humano. Mergulhei num oásis. Muita gente passa a vida sem se dar conta de que isso é muito maior do que ficar ligado no externo. Posso dizer que não sabia nada antes. Por isso o momento certo chegou para estar na Globo. Pensei: “Olha como a vida é, estou na novela das oito com as minhas cicatrizes”.

Você sempre quis estar na Globo? Mas claro! Qual ator vai falar que não quer ir pra Globo, que é a televisão que melhor faz novelas? Ainda mais a das oito, que tem uma qualidade de texto, de imagem. Tem várias emissoras que dão trabalho para os atores, mas é lógico que você quer chegar ao primeiro time. Você tem que se sentir vitoriosa e fazer jus ao trabalho, esse é o grande desafio.

Sente-se mais valorizada como atriz agora? Não tenha dúvida. Estou no melhor momento da minha carreira televisiva. No teatro meu ápice foi quando fiz, durante três anos, Oscar Wilde, A Importância de Ser Fiel. Tenho um respeito no teatro que não tenho na TV. Só que o grande público não tem acesso. Agora vou ganhar prestígio na televisão, vou ganhar um pouco de credibilidade, porque, até agora, só tive popularidade

A maturidade na carreira coincide com a maturidade pessoal? Quando a gente envelhece vai ficando melhor. Nossos conceitos da vida mudam. Você vê que não precisa mais ser agressiva. Que não precisa se vestir assim. Se você me perguntasse três anos atrás, talvez dissesse outra coisa. E tudo bem que sou assim, calma, silenciosa. Não tem problema! Quem quiser vai me aceitar assim. Não preciso ser a doidinha. Já vivi o que tinha de viver. É muito bom não precisar ter pressa. Dos 20 aos 30 anos você tem uma urgência de descobrir quem é, o que vai ser, o que quer. Isso acalma tanto depois dos 30! Me sinto tão mais bonita. Não vou dizer que não tenho inquietações, mas são mais reflexivas do que impulsivas.

Seu relacionamento com o Hector Babenco calhou com essa sua nova fase? Acho que chegou numa fase da minha vida, numa idade também, que estava preparada para um relacionamento assim, sólido. Os outros relacionamentos talvez quisessem me dar isso, não aceitei porque estava em busca de outras coisas. O Hector me dá segurança, me faz acreditar em mim e voo mais alto sem precisar de armaduras. E é engraçado, porque tenho todo o biótipo: sou ex-reality show, ex-Playboy, sou loira – mesmo que agora não tão mais –, sou peituda, namoro um homem mais velho. O Marcelo Rubens Paiva que fala: “Já briguei tanto por você em mesa de bar. Todo mundo acha que você vai com qualquer um. E tenho que falar que você é uma romântica, que quer casar. Passo a noite te defendendo, você quer parar de se vestir do jeito que se veste?” [risos].

O que muda num relacionamento com um homem quase 30 anos mais velho? Química não tem idade. É uma coisa que não dá pra explicar. O amor não tem idade. Você tem diferenças de pensamentos, de fase da vida, tenho uma energia que ele não tem. E o mar acalma, o mar acalma junto. Sempre quis me envolver com um homem mais velho, sempre me envolvi com homens mais velhos.

Tesão não tem idade? É química, é química. Sexo, tesão, pele, o cheiro. E aqui tudo tem. Aqui tudo é bom [risos].

Sexo é importante pra você? É todo dia? Muito importante. Sou uma pessoa muito. sexual. Gosto e acho uma necessidade. Com amor, melhor ainda. É saudável, rejuvenesce, tenho muita endorfina, preciso liberar [risos].

O que te atraiu no Hector Babenco? [Bárbara suspira e pensa por um minuto] Ele é uma imensidão, assim. Paixão mesmo. Que seja intenso enquanto dure. O futuro é o que está aqui. Cada vez mais vivo o presente.

Você querer se envolver com homens muito mais velhos tem a ver com uma vontade de ser cuidada? Não, não [enfática]. Acho que tem que ser recíproco. Nunca deixei que ninguém cuidasse de mim. Sou um bicho solto, a vida me fez assim. E nessa relação cresci muito. Por mais que sempre tivesse uma profundidade, não sabia onde colocá-la. Já vivi tanto que hoje quero sossego, curtir a vida a dois, fazer meus filmes. E ter uma pessoa com quem você consiga trocar isso. O Hector me alimenta, me faz ser melhor.

Mesmo com a fama de ele ser chato, turrão? No começo ficava com medo, também achava que ele ia ser essa pessoa. Mas ele é incrível! Ele fala: “Desconfie de uma pessoa inteligente que não tenha senso de humor”. Muito do que ele fala é um humor que ninguém entende. Ele é bravo sim. Mas eu também sou brava. Acho que se ele não tivesse o gênio que tem, de bater o pé, de ser impulsivo, não teria conquistado o que conquistou. Tenho orgulho dele. Como disse, não gosto muito das pessoas normais [risos].

Você quer ter filhos? Hoje, meu filho é a Renata, minha personagem em Viver a Vida.

Tem vontade de ser mãe?
Não sei. Tenho vontade, mas não é minha prioridade. Minha prioridade hoje é estabilizar minha carreira. Nunca achei que pudesse ter filho, até conseguir me sentir segura em algum lugar. Não tinha uma família, tenho uma hoje. Agora, se vierem filhos, deixa rolar.

Qual é seu maior medo? De ficar sozinha. Não tenho medo da morte, tenho medo de ficar sozinha [se emociona].

E o maior objetivo da sua vida? Antes, não queria envelhecer. Hoje, quero poder me sentir na maior parte do tempo mais feliz do que infeliz. A vida te joga pra muitos lados, te testa. Acho que é um objetivo não deixar os fantasmas que vivem em mim me consumirem. Quero ser uma grande atriz, poder fazer desses fantasmas a minha grande obra de arte.

Maquiagem Walmir Sparapane com produtos Givenchy (Agência First)
Assistentes de foto Rafael Matinelli e Pedro Bonacina
Tratamento de imagem RG Imagem
Bárbara usa vestido Isabela Capeto

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