por Nyle Ferrari

”Destemida”, novo álbum da banda pernambucana Dessinée, traduz a mulher dona de si

O nome Dessinée já entrega a influência francesa da banda, presente também nas letras e na origem. O grupo se uniu em 2007 no Recife, fazendo cover de artistas como France Gall, Serge Gainsbourg e Brigitte Bardot. No meio da trajetória antropofágica, beberam também de referências como Nação Zumbi e Luis Gonzaga para criar sua própria música. Uma mistura sinestésica de brega, rock, jazz, música francesa das décadas de 70 e 80 e pop.

Destemida, segundo álbum recém-lançado, traduz toda essa salada de gêneros e nacionalidades. “O que a gente digere se torna subjetivo. Usamos essas referências para criar algo só nosso”, diz a vocalista Clarice Mendes.

Com ritmo predominantemente pop e olhar feminino, o disco traz a mulher dona de si. Nem me venha com suas mentiras / eu dei descanso pro meu coração, canta a recifense na canção que nomeia o álbum, com o sotaque nordestino que a gente adora. Sou santa / sou solta na vida / sou diva de mim, entoa em “Perdizes”.

play

O nome do disco faz juz à personalidade da recifense de 26 anos, única mulher do sexteto e o espírito feminino que norteia a Dessinée. Clarice diz que sua relação com os demais integrantes da banda (Filipe Barros, Ed Staudinger, Márcio Oliveira, Miguel Mendes e Thiago Suruagy) é de parceria. “Eles aprendem com as minhas problematizações – e eu faço isso o tempo todo”, ri.

Clarice acredita que o novo álbum consegue abordar o empoderamento feminino de maneira compreensível. “As mulheres que não são feministas ainda não descobriram o feminismo”.

Destemida volta o olhar não só para a mulher, mas também para a cidade. “Estelita” faz referência à grande ocupação que aconteceu em Recife, há dois anos, no Cais de Estelita – contra as empreiteiras que queriam desativar o espaço histórico no centro da cidade para receber grandes prédios. “Precisamos falar sobre a forma como os espaços urbanos estão sendo usados”, acredita a cantora.

Vai lá: Bande Dessinée

fechar