Jana Rosa e Camila Fremder escreveram juntas um manual para garotas enfrentarem as mais diferentes situações do universo feminino
Existem alguns momentos da vida de uma mulher que só sendo uma pra dar conta de entender. E ainda, dar conta de rir desses momentos depois. Lidar com comentários sobre o tamanho do seu manequim, infelizmente, é um dos mais amargos deles. Arrumar uma ótima desculpa pra fugir da casa do cara que você acabou de conhecer, é outro. A apresentadora Jana Rosa, 28, e a roteirista Camila Fremder, 31, sabem como sair de situações assim porque viveram na pele a maioria delas.
A ideia do livro Como ter uma vida normal sendo louca, conta Jana, é desmistificar, com bom humor e um pouco de loucura, situações e comportamentos chatíssimos, mas comuns e inevitáveis na vida de qualquer garota. No livro com jeito de manual, elas opinam, dão sugestões e alternativas para quem precisa se livrar de saia justas e driblar acontecimentos dos mais desconfortáveis e indesejados.
Com ilustrações de Jana abrindo cada um dos 30 capítulos, a publicação é dividida em 5 seções: Respeito, sucesso e superação; Amor e relacionamentos; Saúde e bem-estar; Vida profissional e finanças e Influenciando pessoas. Quanto aos títulos de cada texto, esses podem render risadas e identificações logo de cara. Entre eles: 15 maneiras de ter fama de cool, dez maneiras de terminar com a melhor amiga, 15 maneiras de mostrar que é madura falando de relacionamentos, dez maneiras de marcar jantares e almoços e nunca aparecer, e ainda, como terminar conversas chatas de “a” a “z”. O prefácio é da jornalista e consultora de moda Gloria Kalil.
Não é a primeira vez que Jana e Camila trabalham juntas. Em 2011 lançaram dois aplicativos para celular, "parecidos com aqueles testes de revista teen, sabe?", explica Camila. Eles foram o primeiro passo para o livro, que segue o mesmo conceito dos serviços.
A Tpm conversou com as autoras sobre o processo criativo em dupla, inspirações e novos projetos.
Como vocês se conheceram? E há quanto tempo?
Camila. Foi em 2009, tinhamos muito amigos em comum e já nos falávamos pelo Twitter. Então um dia eu estava no São Paulo Fashion Week, fazendo um freela de jornalismo, e entrevistei a Jana, que na época tinha um blog. Acabamos não falando de nada da minha pauta, e começamos a conversar sobre outras coisas. Alí já nos gostamos. Depois tive que enviar um e-mail pra Jana sobre a minha pauta, já que a gente acabou falando de anticoncepcional. [risos]
E a ideia de escrever o livro juntas aconteceu como?Jana. A gente já tinha lançado os aplicativos entre 2011 e 2012. Daí a ideia era ganhar mais espaço, falar mais dos temas. Evoluímos os aplicativos e transformamos em livro, mas sem a pegada teen de antes.
E como foi escreverem juntas?
Jana. Eu e Camila trabalhamos muito rápido. Esses dias escrevemos um texto pra uma revista em 15 minutos. As duas vão conversando, pensando em voz alta, e uma de nós escreve. Funciona porque pensamos muito parecido. Ah, e levamos nove meses pra escrever o livro. Dizemos que é nosso filho.
E de onde surgiram os temas dos capítulos? Quais foram as inspirações pra eles?
Jana. A maioria das coisas que escrevemos no livro, vivemos. Ou assistimos alguém viver. Por exemplo o capítulo sobre o mundo da moda, a gente viveu tudo. Nós duas trabalhamos com moda. Escrever como é ridículo o que passam as meninas para serem fotografadas e tal, foi fácil.
Das situações que contam no livro, alguma delas vocês viveram e marcou muito?
Jana. Tem um capítulo, "Como viver acima do peso sem que ninguém perceba". Passei por coisas assim uma dezena de vezes. Já fui julgada por vestir 40 e não 38. Já recusaram pautas comigo porque eu não vestia P.
Camila. Sim. Quando fui chamada pra escrever sobre moda. Eu não tinha a menor ideia do que eu estava fazendo. Daí o capítulo "Como se portar em um evento de moda como se fosse alguém da moda, não sendo ninguém da moda". Tirei inspirações das minhas próprias experiências pra escrever o texto. São coisas que ou a gente deu uma de louca e fez mesmo, ou então a gente toparia fazer. Contamos muita mentira no livro, mostramos como mentir pra sair de uma determinada situação. Eu mesma invento muita mentira desde sempre. Quando eu era criança, inventei que era nadadora de nado sincronizado pra usar a piscina da menina da casa ao lado. Quem inventaria uma mentira dessas!?
E o nome do livro?
Camila. O nome veio por último. Foi o mais difícil de conseguir. Fui tomar banho e comecei a pensar nos textos. E acho que é bem isso, ninguém normal pensa ou faz as coisas que estão no livro. Por isso a história de ser louca.
Vocês se consideram loucas então?
Camila. Acho que toda mulher é meio louca, mas que algumas se importam muito em parecer normais, e outras se esforçam muito pra parecer loucas. Mas acho que no fundo, todas são. Mas acho que ser louca é não me importar muito com o que pensam de mim. É não querer ser coerente o tempo todo. Tem tanta complicação em tudo, vamos ligar o foda-se.
Jana. A loucura me protege. Esses epsódios de loucura, as mentiras e tudo mais, me livram de ser uma idiota e me permitem ser mais eu. Ser louca me permite me importar menos com o outro e mais comigo.
E tem uma coisa que o livro também traz, que é de se livrar de cobrança, de exigências...
Camila. É normal ter 28 e você não saber ainda o que quer fazer. Vou fazer 32, e só agora virei roteirista. É normal estar perdida. É normal fazer uma tatuagem errada. E tudo bem. Então no livro falamos de alternativas pra essas coisas. Por exemplo, você pode falar que está tirando um ano sabático quando perguntarem porque você tá desempregada.
E o livro é escrito para meninas?
Camila. É sim, mas acho que todo mundo pode se divertir lendo. Tanto as meninas que estão passando por essas situações hoje, como aquelas que já passaram. E vamos combinar: é muito complicado ser menina hoje em dia. É tanta cobrança de todo lado, é importante saber rir dessas cobranças.
Jana. Sim. E acho que os gays vão gostar também. E meninos podem se divertir lendo e identificando namoradas, irmãs, amigas...
Vocês têm planos de fazer mais coisas juntas?
Camila. Sim! Existem grandes chances dos capítulos dos livros virarem série pra TV. Ainda estamos acertando tudo, e agora dedicadas ao lançamento do livro, mas aguardem notícias.
Vai lá: Como ter uma vida normal sendo louca, ed. Agir, R$ 19,90