Aula de crise para os americanos

por Nina Lemos
Tpm #86

As pessoas do primeiro mundo andam muito assustadas com a crise

Agente literário, galerista, produtor? Para quê?

Como estamos acostumados no Brasil a viver em crise, convidamos artistas para explicar por que trabalhamos com “a gente” e não com agente. Esperamos que as dicas ajudem o povo americano

As pessoas do primeiro mundo andam muito assustadas com a crise. O que elas não sabem é que a gente vive em crise desde que nasceu! E mes­mo assim conse­gue fazer as coisas! Por isso, chamamos ar­­tistas brasilei­ros para darem uma aula pa­ra eles. Sugerimos que este texto seja pu­bli­c­a­do no The New York Times.

Será útil para músicos cheios de pro­du­tores saberem como é a vida de Tatá Ae­roplano, que tem três bandas e ainda dis­coteca. “Claro que cuido da minha agen­da sozinho”, explica. E ainda manda con­vi­te para os shows.

“Tenho um mailing com 3 mil no­mes. Mando notícias do que estou fazendo quase toda se­mana.” Ta­tá tem um conselho pra enfrentar a crise: dor­mir pou­co. “Des­cobri que se dormir quatro horas por noite fico bem. Pas­sei a fazer isso depois que vi uma pa­les­tra com o Zé do Caixão e li a biografia do Winston Churchill.”

O artista plástico e estilista Fabio Ka­wallys também carrega peso. No caso, das camisetas que faz para vender. “A mi­nha su­ges­tão para enfrentar a crise é ven­der camiseta, vendo em Lon­dres, em Ber­lim, no Rio de Janei­ro.” E até na Bienal de São Paulo. Sim, o artista, que integra o co­letivo Avaf, fez uma performance no even­­to e aproveitou para vender ca­mi­­se­tas. “Sou pobre setter”, diz.

Se você é um escritor americano e es­tá com medo de ficar sem grana, apren­da com o jornalista e escriba Xico Sá, “que cos­tura para fora”. “Sou o super-homem-banca, já teve mês que falei das cabras (na Globo Rural) às gazelas da São Paulo Fa­shion Week, na revista do evento.”

Xico também não tem agente literá­rio. “Se não tenho nem onde cair mor­to, não preciso de agente funerário. Muito menos de literário”. Ele também não se dá ao luxo de retiros “para se inspirar.”

“Minha pai­sa­gem é minha cortiça, minha musa é a mi­nha cortiça com as datas de entrega dos textos em letras gigantes e vermelhas. Eu amo a minha cortiça, very sexy a minha cor­tiça, eu gozo para a minha cortiça.”

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