As pessoas do primeiro mundo andam muito assustadas com a crise
Agente literário, galerista, produtor? Para quê?
Como estamos acostumados no Brasil a viver em crise, convidamos artistas para explicar por que trabalhamos com “a gente” e não com agente. Esperamos que as dicas ajudem o povo americano
As pessoas do primeiro mundo andam muito assustadas com a crise. O que elas não sabem é que a gente vive em crise desde que nasceu! E mesmo assim consegue fazer as coisas! Por isso, chamamos artistas brasileiros para darem uma aula para eles. Sugerimos que este texto seja publicado no The New York Times.
Será útil para músicos cheios de produtores saberem como é a vida de Tatá Aeroplano, que tem três bandas e ainda discoteca. “Claro que cuido da minha agenda sozinho”, explica. E ainda manda convite para os shows.
“Tenho um mailing com 3 mil nomes. Mando notícias do que estou fazendo quase toda semana.” Tatá tem um conselho pra enfrentar a crise: dormir pouco. “Descobri que se dormir quatro horas por noite fico bem. Passei a fazer isso depois que vi uma palestra com o Zé do Caixão e li a biografia do Winston Churchill.”
O artista plástico e estilista Fabio Kawallys também carrega peso. No caso, das camisetas que faz para vender. “A minha sugestão para enfrentar a crise é vender camiseta, vendo em Londres, em Berlim, no Rio de Janeiro.” E até na Bienal de São Paulo. Sim, o artista, que integra o coletivo Avaf, fez uma performance no evento e aproveitou para vender camisetas. “Sou pobre setter”, diz.
Se você é um escritor americano e está com medo de ficar sem grana, aprenda com o jornalista e escriba Xico Sá, “que costura para fora”. “Sou o super-homem-banca, já teve mês que falei das cabras (na Globo Rural) às gazelas da São Paulo Fashion Week, na revista do evento.”
Xico também não tem agente literário. “Se não tenho nem onde cair morto, não preciso de agente funerário. Muito menos de literário”. Ele também não se dá ao luxo de retiros “para se inspirar.”
“Minha paisagem é minha cortiça, minha musa é a minha cortiça com as datas de entrega dos textos em letras gigantes e vermelhas. Eu amo a minha cortiça, very sexy a minha cortiça, eu gozo para a minha cortiça.”