Unindo o tropicalismo, os anos 60 e a Jamaica, cantora paulista toca hoje no Sesc Pompeia
Kika Carvalho é uma cantora presente na cena musical paulista desde os anos 90. Fez parte do Grupo Trilha - um trio musical com arranjos renascentistas pra músicas brasileiras - e da banda Argamassa. Mas foi no ano passado que lançou o seu primeiro CD solo, Pra Viagem. O nome não é por acaso, já que dá pra viajar ouvindo essa mistura de sensações e sons que transitam entre o tropicalismo e a música jamaicana.
Ela participou de todo o processo de criação dos arranjos e tocou alguns instrumentos durante as gravações. São oito faixas ao total e o trabalho é resultado do conjunto de ideias de outros companheiros e grupos musicais, como Anelis Assumpção, Guilherme Held, Kiko Dinucci, Bixiga 70, Rockers Control, Barbatuques, Cidadão Instigado e Antibalas. A sonoridade é suave, assim como sua voz.
O Sesc Pompéia recebe hoje, quinta-feira, 21 de fevereiro, o show de lançamento do Pra Viagem. Conversamos com ela pra saber sobre como é apresentar um trabalho solo.
Quando descobriu que a música fazia parte da sua vida?
Quando eu era adolescente, já havia percebido que não era todo mundo que vivia com uma trilha sonora interna o dia inteiro na cabeça. Eu poderia ter me tornado só uma amante de música, ter continuado curtindo ouvir um som, mesmo sem tocar, mas quando entrei na USP, passei a conviver com uma galera que tocava super bem, passei a cantar todos os dias e já vi que não ia mais ter jeito... Desde então eu só queria fazer música. Claro, fiz milhares de outras coisas, mas tudo parecia uma espera para chegar em casa e correr pro violão, pra vitrola, pra janela e fazer meu som. Naqueles momentos a minha vida "acontecia" de verdade.
De onde veio o nome do álbum, "Pra viagem"?
Eu acho muito importante viajar. Para dentro e para fora. Eu acho que a expansão de limites, na mente e no corpo, transforma as pessoas para melhor. Então eu quero que minha música seja um convite à recreação, ao passeio, ao devaneio. Durante as gravações eu pensei muito na viagem musical que eu poderia oferecer, e fui deixando vários detalhes de "presente" para os ouvintes, como se fossem pedrinhas ao longo da trilha confirmando o caminho. Até que o disco ficou pronto e tudo se encaixou nessa idéia de movimento, de estrada, e esse nome veio como uma resposta a uma pergunta que eu me fazia, do tipo: "fazer música para quem?" "fazer um disco para quê?" E essa era a resposta - Pra viagem, pra te levar de um lugar para o outro, pra ir com você no seu destino.
As letras definem momentos pessoais?
Elas dizem coisas sobre mim e o jeito que eu quero viver, mas eu me preocupo em não ser muito autobiográfica e não falar muito de final de relacionamento, porque eu acho que já tem muita gente fazendo isso.
A sensação de apresentar um projeto solo é diferente de dividir o palco com um grupo?
No meu caso não é muito, porque eu continuo fazendo tudo em grupo com os músicos. Ainda sinto como se fosse uma banda, onde todos colocam suas ideias, suas manhas em seus instrumentos e tal. A diferença é fora do palco, porque tenho mais trabalho na produção, tenho que imprimir as partituras, fazer o set list, decidir umas coisas... Mas é massa também.
Lançado em CD e Vinil, o disco pode ser ouvido e baixado gratuitamente no site da cantora.
Vai lá: Show de lançamento Pra Viagem
Quando? Hoje, 21 de fevereiro
Onde? Choperia do Sesc Pompéia
Quanto? de R$2 a R$8