As crias de Tiê

por Redação
Tpm #108

Cantora conta como foi gerar o segundo disco depois do nascimento de Liz, sua filha

 

Era janeiro de 2009, duas semanas antes de a babe nascer. Plínio Profeta – produtor do meu primeiro CD, Sweet Jardim, e amigo – me liga: “Vamos fazer o segundo disco?”. Gargalhei. Disse: “Plínio, quando falei que queria fazer um disco, um filho, um disco, um filho, era brincadeira, viu?”. E ele: “Brincadeira nada. Vamos fazer o segundo disco sim!”. Quase desesperei. Primeiro, de emoção, depois, de insegurança. Saí correndo e comecei a gravar as guias das composições que tinha guardadas. Queria preparar tudo, já que em breve entraria no furacão chamado maternidade.

E a Liz nasceu. Mamou, chorou, a gente riu, se apaixonou, e, de repente, ela já era da turma. Tirou passaporte para ir ao Rock in Rio de Portugal, me acompanhava nos shows. E a vida ficou mais divertida! Decidimos com a gravadora que o lançamento seria no fim de março. Estávamos em junho de 2010 e o tempo seria perfeito.

Peguei as guias e não gostei de quase nada. Comecei, então, a chamar amigos e as músicas foram aparecendo (ufa!). Plínio deu um presente para minha filhota, uma melodia linda que ganhou letra minha e do João Cavalcanti (do Casuarina) e virou “Na Varanda da Liz”. Depois, com Pedro Granato, fizemos “Perto e Distante” e, com Thiago Pethit, saiu “Hide and Seek”. Até minha querida Rita Wainer apareceu com um poema para “Piscar o Olho”. Sem contar a Karina Zeviani, que virou parceira em “Já É Tarde”, “Piscar o Olho” e “Pra Alegrar o Meu Dia”.

Amigo é para essas coisas
Estava quase tudo decidido, só precisava da autorização dos autores. E quando eles são amigos fica ainda mais difícil! Porque eles têm que gostar do que você fez. Foi duro, mas “Mapa-Mundi”, do Thiago Pethit, e “Só Sei Dançar com Você”, da Tulipa Ruiz, foram aprovadas! O toque de humor ficou com “Você não Vale Nada”, do Dorgival Dantas, que eu já cantava nos shows. E mais as melancólicas e íntimas “For You and For me” e “Te Mereço”.

Repertório formado, faltava gravar. Uma semana antes, não tinha ideia da cara, da cor e do cheiro das canções. Mas, num sábado de manhã, falei tudo o que sentia e queria expressar para o Plínio. Nesse momento, entendi a cara que ia ter e me afoguei de alegria! Lá ficamos uma semana trancados no estúdio, recebendo músicos, visitas e deliveries… Me diverti muito. Porque é assim que gosto de trabalhar.

Disco feito, faltava o nome. Queria um que traduzisse o que estava falando. Até que um dia acordei e falei, é isso: A Coruja e o Coração. A coruja, que é minha paixão, que é proteção, que é a mãe coruja. E o coração, que é como a nossa casa! Bem-vindo, então, ao meu segundo disco: com mais instrumentos, parceiros e cor, como a minha vida. Logo, autobiográfico como o primeiro, mas reflexo de outra fase. É por isso que a vida é boa: ela recicla, muda, gira e sempre nos faz respirar outros ares.

 

 

Vai lá: A Coruja e o Coração, Warner Music, R$ 30

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