por Carol Sganzerla
Tpm #94

Millene Navas ajudou a difundir a prática de Pilates no país e já deu mais de 6 mil aulas

O aviso na parede do estúdio de Pilates no Alto de Pinheiros, em São Paulo, pede silêncio. Só o que se ouve são marteladas. Os alunos seguem concentrados. O barulho dura pouco, afinal, é das mãos da dona que o som ecoa no estúdio que leva seu nome e no qual faz as vezes de mestre de obras: Millene reforma a sala de massagem, pinta as paredes e tem deixado o negócio com a sua cara. Pela primeira vez.

Millene trabalhava com fisioterapia – e tirava R$ 11 por sessão – quando ouviu de uma amiga, também fisioterapeuta: “Vamos investir no Pilates”. Era 2004 e viram que a prática criada pelo alemão Joseph Pilates (1880-1967) era pouco difundida no país. Se mandaram para os EUA e voltaram com uma cama na mala e o diploma da Pilates Method Alliance (PMA). Não sabiam se o negócio vingaria, mas as mudanças já sentiam: “Você ganha consciência da respiração e dos músculos. Eu era claustrofóbica e hoje, se alguma coisa me prender o tórax, posso levar a respiração para o abdome”, conta a professora, que trabalha o Pilates clínico. “É o mais próximo das técnicas do Joseph, que foca a reabilitação. Uma vez que você alinha a postura e a respiração, mexe na organização corporal e na estética”, explica ela, que costuma inovar, por exemplo, usando uma corda de rapel para os alunos se exercitarem suspensos.

Enquanto batalhava para difundir a prática no Brasil, Millene seguia como instrumentadora cirúrgica, opção feita na escola técnica, onde conheceu o marido, o investigador de polícia Caíque Navas. Estão juntos há mais de 15 anos. Quando ela ia se formar em psicologia, engravidou de Letícia, 14, a cara da mãe e hoje modelo. Aos 37 anos e com mais de 6 mil aulas dadas, Millene põe a família para praticar e também faz tiro, spinning e luta boxe.

A luta para abrir negócio próprio foi dura: quando voltou ao Brasil, se instalou com a amiga numa clínica de fisioterapia e atraíram tantos alunos que precisavam de mais espaço. Só que o dono exigiu maior porcentagem. Desfeita a parceria, Millene se ajeitou sozinha em outra clínica. Um ano depois, viu o erro se repetir: os proprietários ficaram com a técnica e a dispensaram. Foi aí que ela parou e lembrou do pai: “Com 53 anos viu a empresa falir e começou do zero”, conta, com a certeza de que, agora, com ela ninguém tem vez.

Vai lá: Estúdio Millene Navas – r. Japiaçoia, 161, SP, (11) 2614-0554

 

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