Antenados, uni-vos

por Tania Menai

Escrevo este post no laptop – a TV está ligada num programa do canal PBS sobre blogs e internet. Presto atenção em ambos. De um lado, o telefone, do outro o celular. O Skype ligadaço, indicando quem entra, quem sai. Do MSN, desisti. Desligado. iPod, carregando. Este é um minuto na vida de uma pessoa “multitask”: eu. Assoviar e chupar cana é fichinha.

E como eu, caro leitor, existem zilhares de nova-iorquinos (e não nova-iorquinos) – a coisa é séria: tanto, que ganhamos uma matéria no New York Times. Que honra. Mas será que a gente conseguiu lê-la todinha, antes de responder um text message, um e-mail ou um Skypezinho?

À medida em que as parafernálias tecnológicas invadem nossas vidas, ficamos mais distraídos e produzimos menos. Especialistas dizem, na matéria, que a gente acha que o nosso cérebro é capaz de fazer mais coisas simultaneamente do que ele realmente pode. O jornal ainda ressalta um hábito tétrico em Manhattan: enviar torpedo ou falar no celular no tráfego, andando de bicicleta, ou (como eu) atravessando a rua.

Meu anjo-da-guarda, tadinho, passou a trabalhar em dobro desde que adquiri um celular. Culpa do meu iPod nas alturas e – ao mesmo tempo - daquele torpedo que tenho que enviar pra Hong Kong naquele minutinho, entre as ruas 15 e 16, no meio da chuva, na frente dos carros.

Certa vez, entrei no elevador de uma galeria de arte com o telefone num ouvido e um fone do iPod noutro. “Entrou pra moda do OnePod?”, perguntou uma desconhecida. OnePode = um fone só. Taí, gostei. Pelo menos dá pra ouvir a buzina do paquistanês do táxi a um tris de tirar a minha vida. Dá também pra, finalmente, escutar o celular tocando – coisa que, segundo meus amigos, jamais consegui. Ah, culpa do iPod, de alguma banca de jornal, de alguma vitrine – tudo ao mesmo tempo, claro.

fechar