A operação lava jato da moda francesa
A capital mundial da moda declarou que incitar anorexia é crime e que modelos com IMC muito baixo não podem desfilar. Imaginamos quantas pessoas seriam presas pela PF se uma lei assim existisse no Brasil…
Por Nina Lemos
em 20 de maio de 2015
Imaginem as cenas: editoras de moda de óculos Chanel e terninhos Prada entrando em carros da Polícia Federal. Bookers de agências de modelo prestando depoimentos em CPIs e falando que não, eles não sabiam que o índice de massa corporal daquelas moças eram tão baixo, enquanto o dono da agência se encontra foragido.
Exagero? Claro. Mas isso seria possível se a nova lei contra anorexia da França, aprovada em abril, fosse exportada para o Brasil. Seria uma lava a jato no mundo fashion!
A lei declara que incitação a anorexia é crime. E também proíbe estilistas e revistas de trabalharem com modelos excessivamente magras. Para ter uma ideia do tamanho do imbróglio: a discussão sobre qual seria o IMC (índice de massa corporal) mínimo das modelos para trabalhar não está fechada. Mas na escala da magreza, pessoas com IMC entre 16 e 16.9 são consideradas magras grau 2 (muito magras, doentes) e abaixo disso, magras grau 3 (perigosíssimo, muito doentes). Pra gente se situar: a modelo da temporada, Cara Delevingne, tem IMC de 16.5.
E se isso chegasse no Brasil? “Acho que os primeiros a serem presos seriam os bookers e agentes. Mas alguns donos de marca também poderiam ser pegos, tipo aqueles que ficam chamando as modelos de gordas nos castings de desfile e editoriais. Ia sobrar para muita gente”, diz a jornalista de moda Vivian Whiteman.
Por aqui pensamos que também poderiam ser atingidos pela operação lava jato da moda algumas revistas e os sites que pregam as dietas de jejum, muitas “nutris” e até médicos. Seria um House of Cards da moda. Estamos aguardando!
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