Mariana Ximenes mostra porque é uma das estrelas mais relevantes da TV
“Ainda não almocei, topa ir no Dona Onça?” A pergunta vem de Mariana Ximenes, a atriz famosa, em uma tarde de domingo. Trata-se de um restaurante no Copan, na região central de São Paulo, perto do Baixo Augusta, onde ela agora “vive”.
Nos encontramos no teatro Augusta, onde ela está em cartaz com a peça Os altruístas. Era para ser uma entrevista normal. Era para falarmos o que costumamos falar com atrizes-celebridades-inteligentes. Mas o script muda. Mariana é elétrica. Entremos no ritmo dela. Até dezembro, ela incorpora Sidney, uma “atriz de novela louca” (a personagem, não Mariana) na peça escrita pelo norte-americano Nicky Silver, adaptada e dirigida pelo ator Guilherme Weber, da Sutil Companhia de Teatro. Essa paulistana de 30 anos deixou o Rio de Janeiro de lado (ela mora lá há 15 anos) e agora tem um apartamento em São Paulo. Ela entra no carro comigo, com seu produtor e seu namorado, Lucas Mello (publicitário e sócio do clã Surface to Air, dono do Bar Secreto e do restaurante Lorena 1989). Está animada. E cheia de motivos para isso. Ela havia estreado a peça depois de dez anos afastada do teatro. Mas não é só isso. Está feliz por ter realizado um desejo e estar arrebentando. Coisa que fica clara quando ela é aplaudida de pé.
Mariana Ximenes é produtora e protagonista de um dos espetáculos mais bacanas em cartaz no momento. Interpreta uma atriz de novela casada com um militante “de todas as causas” e sustenta seu irmão gay, altruísta e militante irreparável. A personagem é uma mulher desesperada que logo no início da peça grita: “Eu faço novela. Vocês fazem pouco do meu trabalho, mas sou a verdadeira altruísta porque alegro as pessoas”.
O público ri. É irônico ver a estrela da Globo falando uma coisa dessas. Mas, na vida real, Mariana não carrega tal crise. “Gosto de fazer televisão. Adoro fazer novela. É uma coisa rápida, que você tem que estar superligada. Faço papéis maravilhosos. Estava longe dos palcos porque estava fazendo novela feliz da vida. E acho que, ainda bem, preconceito contra televisão é uma coisa que acabou, não é? Em novela falamos de coisas importantes, como dependência de drogas e direitos dos gays”, diz. Nessa hora, ela quase parece a personagem. Não fosse a calma. Mariana não está se justificando. Ela está, sim, fazendo várias coisas ao mesmo tempo – a entrevista acontece enquanto coloca cílios postiços, conversa com o elenco e ri das histórias dos colegas.
Senta aqui, Pereio!
Voltemos para o Bar da Dona Onça. Ela chega e cumprimenta praticamente o restaurante inteiro. “É sempre assim, ela conhece todo mundo”, diz seu namorado, rindo. Parece que “todo mundo” está no Bar da Dona Onça naquele domingo de frio. Até o ator Paulo César Pereio. Mariana corre para abraçá-lo. “Senta aqui com a gente”, diz. Pronto. A entrevista é interrompida e uma conversa maravilhosamente surreal toma conta da mesa.
Na saída, é reconhecida por guardadores de carro. “Você é aquela menina que trabalha na TV Globo.” “Sou sim, mas estou em São Paulo com uma peça em cartaz no teatro Augusta, vai lá me ver.” Esse é o jeito de Mariana. “Gosto muito de gente. E saio convidando porque quero que todo mundo vá à peça”, diz. Em poucos minutos já me sinto parte da equipe, torcendo para que dê tudo certo no espetáculo, que não foi montado no Baixo Augusta, reduto underground da cidade, por acaso. “Amo essa região, vejo cada cena. E quem chega aqui já vai se acostumando ao clima da peça.”
Esse é um trabalho muito importante para Mariana Ximenes. “Fui pedir patrocínio, ouvi muito ‘não’. Mas é uma delícia estar envolvida em todas as partes do processo. O Guilherme [Weber] me mostrou o texto, adorei. E tem esse lado de agregar pessoas, escolher com quem você vai trabalhar, ver um grupo se formando, é especial”, conta. Mariana agrega mesmo. E é superativa. “O Guilherme diz que eu sigo o calendário maia.” Explicação: o dia de Mariana parece ter mais tempo do que o dos outros mortais. Porém anda cansada, só com tempo de “sair do teatro, comer alguma coisa e dormir” – mas com energia para continuar conversando com quem a aborda e fazendo propaganda da peça. O Baixo Augusta acaba de ganhar uma nova musa.
Vai lá: Os Altruístas
Quando: De 16 de setembro a 18 de dezembro. Sextas, às 21h30. Sábados, às 21h. Domingos, às 19h.
Quanto:Ingressos a R$ 70 (sex) e R$ 80.
Onde: TEATRO AUGUSTA - Rua Augusta, 934. Tel: 3151-4141.
Classificação etária: 18 anos