A atriz e escritora Luisa Micheletti mediou um papo entre Mariana Dorta (IBM), Diana Assenato (Ada) e Samille Sousa (UX para Minas Pretas)
“Elas vão hackear o mundo” foi o tema do debate mediado pela atriz Luisa Michelleti, que, a convite da IBM, recebeu Diana Assennato, criadora do Ada.vc, site que reflete e milita sobre a visibilidade feminina no mundo digital, Samille Sousa, facilitadora do projeto UX para Minas Pretas, iniciativa que visa a formação, o empoderamento e a inclusão de mulheres negras na tecnologia e no design, e Mariana Dorta, do grupo de developers da IBM e programadora do DevOps, ramo da engenharia de software que mistura desenvolvimento e operações.
Samille abriu o debate, em um momento de bastante emoção – e emocionando a plateia -, dizendo que estava ali representando 450 meninas pretas, “que quando chegam na empresa muitas vezes são confundidas com as faxineiras”. Ao que Diana completou: “Descobrimos que menos de 1% de todas as patentes registradas nos EUA são de mulheres negras. No Ada, a gente preza muito por horizontalizar a conversa da tecnologia e isso beneficia homens e mulheres. (...) As mulheres têm que se autorresponsabilizar sobre seu conhecimento sobre tecnologia”, disse a criadora do Ada.vc.
“Existem barreiras que separam o mundo virtual e concreto?”, perguntou Luisa, num outro momento do papo. Diana foi rápida, prática e precisa na resposta, convocando a plateia para interagir: “Quem aí está com celular na mão?”, perguntou, antes de ver levantar um mar de mãos na plateia.
Antes de encerrar, ao falar das realidade das mulheres no mercado de tecnologia, Mariana Dorta deu o recado: “Nossa área ainda tem muitos estereótipos. Já cheguei toda montada em uma entrevista e me perguntaram: ‘programadora?’. Porque esperavam uma nerd, geek. Eu não tenho, por exemplo, nenhum amigo LGBT que trabalha comigo, eu sinto falta desse tipo de representatividade. De novo, por conta de um estereótipo”, disse.
Estereótipos estão em todas as discussões e Luisa lembrou de um fato recente, em que o Google corrigiu um algoritmo e mudou drasticamente a busca pela palavra "lésbica". Se antes aparecia predominantemente conteúdo pornográfico, agora a busca traz interpretações não estereotipadas do termo. "As grandes corporações acabam regendo os comportamentos da sociedade. É muito importante que essas empresas se preocupem. Existe uma manifestação, ainda pequena, mas existe. É importante também que pequenas e médias empresas se mobilizem", disse Mariana.