por Ana Manfrinatto

Porque a gente fica feliz em saber que a diversidade anda ganhando espaço

 

Uma das notícias de hoje é a revista Elle francesa, que colocou a modelo plus size Tara Lynn de calcinha e blusa de renda na capa da edição de março. No editorial que recheia a revista, intitulado “O Corpo”, Tara aparece exibindo suas curvas como sendo ideais.

Se as curvas são mesmo ideais, isso não vem ao caso. Como dizem aqui na Argentina, “sobre gostos não há nada escrito” e, pra sorte de todos, cada um tem seus gostos e preferências. O que, sim, importa é que existem diferentes tipos de mulheres – e, logo, corpos de mulheres – no mundo e que eles estejam ganhando espaço em publicações que são referência de moda e beleza...

...Uma vez que todo mundo tá cansado de saber que o império do corpo esquálido e/ou siliconado, tudo isso turbinado com muito Photoshop, só faz aumentar uma legião de meninas e mulheres anoréxicas, bulímicas, infelizes.

Minha ausência neste últimos dias aqui Nos Ares se deveu a lindas e merecidas férias onde eu estive, dentre outros lugares e pela primeira vez, em Paris. E eu que imaginava que as deste país eram todas magras, graças à clichês e também ao clássico livro Mulheres Francesas Não Engordam, de Mireille Giuliano; percebi que isso não é verdade.

Quer dizer, elas não são gordas. Mas tampouco são esqueléticas. Ou seja: são normais. E em Paris eu vivi a mesma liberdade e tranquilidade que eu tenho no Brasil quando saio pra comprar roupa. Com raras exceções, meu tamanho de calça é sempre 42 e, de blusa, M.

Digo isso porque eu moro na Argentina, um país onde as mulheres são extremamente magras. A maioria das minhas amigas argentinas almoça salada (sem franguinho grelhado ou queijinho). Ou então uma salada de frutas. A maioria delas também se mata na academia e, as que gostam de comer, o fazem com culpa: mordiscam uma medialuna aqui e comentam “soy una gorda de mierda” acolá.

Não, não estou exagerando. Segundo um relatória da Rede Inter-Hospitalar de Transtornos de Alimentação (RIHTA) de Buenos Aires, depois do Japão, a Argentina apresenta a maior incidência mundial de anorexia e bulimia. Essa matéria explica mais o assunto.

Essa histeria e paranoia coletiva ao redor do peso também está refletida na indústria têxtil, quem produz tamanhos minúsculos e muita numeração única. Tanto que comprar roupa aqui é uma verdadeira odisseia. Mais de uma vez perguntei se havia número maior e a resposta foi “não, não fabricamos”.

Tudo isso pra dizer que achei do c****** comprar roupa em Paris. Assim como a Elle francesa com a modelo gostosona na capa ;-)

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