play

por Redação

Trip FM reprisa entrevista com autor de Os Piratas do Tietê e ícone crossdresser

Laerte Coutinho é um dos mais importantes e interessantes nomes dos quadrinhos nacionais e há mais de 40 anos suas tiras e charges divertem e estimulam reflexão sobre os momentos políticos do Brasil e do mundo, as transformações sociais e, sobretudo, as aflições individuais. Ainda jovem ingressou na Escola de Comunicação e Artes da USP, onde estudou música e jornalismo. Embora tenha saido sem diploma, os anos de ECA renderam seu primeiro fanzine, o Balão, fundado ao lado de Luiz Gê.

Um dos homenageados do Trip Transformadores e palestrante da Casa Tpm 2012, Laerte se aventura abertamente desde 2009 pelo universo feminino, incorporando vestuário, adereços e trejeitos normalmente associados às mulheres. O papo desta semana no Trip FM é com esse grande nome dos quadrinho no Brasil, que nos últimos tempos vem sendo considerado por muita gente como a “jovem senhora mais elegante da Zona Oeste paulistana".

"É como se eu chegasse em casa, finalmente, depois de uma longa viagem."

"A gente nunca cessa de se conhecer", Laerte comentou na entrevista, fazendo em seguida uma analogia brilhante para explicar como se sente depois de assumir as roupas femininas. Como em toda a sua obra, o comentário é certeiro e repleto de uma análise incisiva que já vimos tantas vezes em suas HQs. "Tenho me sentido muito bem. É como se eu chegasse em casa, finalmente, depois de uma longa viagem."

"Esse nome crossdresser só é mais veículado porque está associado, na verdade, à classe média. Todos esses termos correspondem à vivência de grupos", continuou. "As travestis, por exemplo, adotam esse nome por identificação ao seu grupo. Mas a classe média se apropriou do termo crossdresser para se diferenciar das travestis, que a luz desse preconceito acabam sempre associadas à prostituição. No Brasil, os homens crossdressers ainda não se sentem confortaveis para serem vistos em público. Então elas constroem clubes mais ou menos clandestinos por causa disso."

"Tem gente que pensa que existe macho e fêmea e acabou. Eu vejo isso como uma simplificação grosseira"

"Eu e todas essas pessoas que não estão de acordo ou  que estão em conflito com o sexo biológico que nasceram são, na verdade, transgêneras. Eu acredito que essa questão de gênero é uma coisa socialmente construída, que não existe. Tem gente que pensa que existe macho e fêmea e acabou. Eu vejo isso como uma simplificação grosseira que é a negação a esse desejo íntimo das pessoas, a inconformidade com o sexo biológico e os padrões sociais." 

O Trip Fm vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 20h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado Brasil 3000, 107,3MHz

fechar