Ainda somos
Ontem assisti um documentário no History Chanel que me emocionou profundamente. No fim da noite, os búfalos, assim encostados uns aos outros quase como se fossem um corpo único, se aproximavam dos homens e suas fogueiras para escaparem às panteras. A consciência de que estamos para usar, crescer e viver, mas também para proteger, amparar e ser mais um elemento da natureza, me atingiu em cheio como uma pedrada. Vivemos na continuidade e nos veios das rochas, da raiz até às copas das árvores, e no dorso e do sangue dos animais. Somos a encanação provisória de um turbilhão que ultrapassa seu próprio corpo. E somos convidados a dar de nós exatamente aquilo que de nós desconhecemos.
Às vezes a vida me parece deliciosa como uma fruta sazonada, mesmo sabendo que tenho que aprender a merecê-la e decidir se quero viver de pé ou de rastros. Bem, mas esta é apenas a forma e não o conteúdo. Como um embrulho para presente: exatamente aquilo que jogamos fora quando descobrimos o conteúdo...
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Luiz Mendes
06/02/2013.
