Um novo complicador na vida nacional

por Luiz Alberto Mendes

 

A Volta ao Obscurantismo

 

Vivemos em um país no mínimo complicado. Quando não é um golpe militar que dura quase 20 anos, são os corruptos que vão dominando a cena política. Não precisávamos de mais problemas; os que temos já nos bastavam e até esgotavam nossos esforços por um país melhor para todos.

Mas, como não poderia deixar de ser, apareceu mais um elemento complicador. O domínio das ditas igrejas evangélicas sobre partidos políticos e a corrida dos políticos atrás do voto dos evangélicos. O chamado “voto do cajado”, parodiando o antigo “voto do cabresto”. Os “fiéis” votando em políticos indicados por seus pastores, ou mesmo nos seus “pastores/políticos”.

Existem padres carismáticos também dando suas contribuições em bênçãos públicas a candidatos em suas missas, completamente ao arrepio da lei e à revelia da orientação dos bispos da igreja.

Algumas igrejas protestantes, contrárias ao “mercado do voto religioso” se insurgiram contra esse “novo coronelismo” dos grandes pastores evangélicos. Dia 21 agora vão se reunir para discutir sobre a necessidade de conscientizar o eleitor cristão acerca da liberdade do voto e sobre a ilegalidade de campanhas políticas nas igrejas e templos. O site da campanha é redefale.blogspot.com.br

A religião decidiu o que devíamos pensar, dizer ou fazer por milênios. A Revolução Francesa separou o Estado da Igreja. O Estado tornou-se laico. Existem pensadores que afirmam que a Revolução Francesa pecou por não aproveitar a oportunidade de extinguir a religião de uma vez por todas.

Não sou tão radical. Três dos maiores homens do século passado eram religiosos: Mahatma Gandhi; Albert Shweitzer; e Martin Luther King. Isso sem falar em Madre Tereza de Calcutá, Chico Xavier e Albert Einstein. Conheci grandes religiosos que muito contribuíram para o desenvolvimento da ideia de justiça e da paz em nosso país, como Dom Paulo Evaristo Arms e a Irmã Dulce, por exemplo.

A minha preocupação é o que os políticos que receberão o “apoio” dos chamados “grandes pastores evangélicos” prometeram em troca. Talvez “uma igreja em cada esquina”? A desaprovação de leis de desenvolvimento e progresso social? Farão o “lobby religioso” contra o casamento homossexual, o aborto, e mais o que? Comandarão um retrocesso fundamentalista como nos países islâmicos? Será que vão querer nos impor seus costumes, modas e “leis”? Provavelmente fundarão um novo movimento obscurantista. Não dá para prever. Tudo pode acontecer. Não é só o futebol que tem sua caixinha de surpresas no país. Pode ser que eles nem consigam eleger seus candidatos... Vamos fazer figa!

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Luiz Mendes

17/09/2012.

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