Uma prévia do diário que chega às prateleiras em agosto
[sexta-feira, 5 de dezembro de 1947] Fui à cidade comprar outro sobretudo ? jantei na casa de Burroughs ? e à noite tive uma conversa fantástica com Ginsberg que revelou como são profundamente similares nossas visões de vida. [...] Entretanto, sua visão de vida é infinitamente mais complexa que a minha, talvez mais madura [...] para ele, a vida em seu melhor é comédia ? pessoas correndo de um lado para outro [...], todos procurando amar uns aos outros, mas sendo tão torturados e infelizes em relação a isso que às vezes é engraçado de ver. Minha visão destaca a necessidade urgente de um mergulho interior produtivo enquanto todo esse amor acontece, ou seja, as pessoas têm de trabalhar e viver enquanto amam.
[terça-feira, 27 de janeiro de 1948] Não que eu acredite muito em literatura clara e lógica, mas acredito no tipo de literatura que dá prazer sem esforço ao leitor. No fim das contas, sou meu próprio maior leitor. Também, acredito em literatura sã, em contraposição ao desleixo psicótico de Joyce. Joyce é um que simplesmente desistiu de se comunicar com os seres humanos.
[segunda-feira, 23 de agosto de 1948] Agora vou afiar as coisas. Tenho outro romance em mente ? On the Road* ? sobre o qual estou sempre pensando: sobre dois caras que vão de carona para a Califórnia em busca de algo que na verdade eles não encontram, e se perdem na estrada, e fazem todo o caminho de volta com esperanças de algo mais.
*Esta é a primeira menção que Kerouac faz a On the Road em seus diários