O Brasil não mantém relações diplomáticas com nenhum desses não países. Isso não impede, porém, um turista armado do passaporte nacional de visitá-los
Não é fácil criar um país novo. O processo pode envolver guerras, mortes, destruição. Além disso, há outro desafio: um país só existe quando é reconhecido por outros países.
Alguns têm um bom caminho andado, como Kosovo, que tem o selo de aprovação de 108 membros da ONU – apesar de a Sérvia contestar sua existência. Outros não têm tanta sorte, como Transnistria, Nagorno-Karabakh, Abkhazia e Ossétia do Sul, que há anos funcionam como países, porém quase sem legitimidade internacional.
Esnobados pela maior parte do clube mundial de países — Abkhazia e Ossétia do Sul têm a aprovação de Rússia, Nicarágua e Venezuela; Transnistria e Nagorno- Karabakh de absolutamente nenhum —, os quatro resolveram criar o seu próprio grupo, a Comunidade para Democracia e Direitos das Nações, fundada em 2001, e se reconheceram mutuamente em 2006.
O Brasil não mantém relações diplomáticas com nenhum desses não países. Isso não impede, porém, um turista armado do passaporte nacional e de um smartphone de visitá-los. Mas, segundo o Itamaraty, apesar de não existirem restrições, a "assistência consular a brasileiros nesses locais poderia estar dificultada".
O processo pode ou não ser complicado.
Nagorno-Karabakh
Montanhosa e cheia de monastérios antigos, a república se declarou independente em 1991, depois do fim da República Soviética. Para entrar é preciso ir para a Armênia, de onde é possível pegar um ônibus. Isso é considerado ilegal pelas autoridades do Azerbaidjão – o visto azerbaidjano será negado eternamente ao turista que visitar o território.
Transnistria
Espremido entre Moldávia e Ucrânia, o território abriga a fábrica da Kvint, marca de conhaque famosa na ex-União Soviética, fundada em 1897. Entra-se pela Moldávia, país do qual a Transnistria se separou em 1990. Um visto de 24 horas é conseguido na fronteira.
Abkhazia
Destino popular de férias na Rússia, a Abkhazia se separou da Geórgia em 1999. Tem praias no mar Negro e montanhas para a prática de esportes de inverno. O visto pode ser requisitado através de um formulário no site do Ministério Exterior do país – e é necessário também um visto russo de dupla utilização, para voltar à Mãe Rússia depois do passeio.
Ossétia do Sul
Também separada da Geórgia, em 1991, é acessível apenas pela Rússia e é preciso pedir autorização por e-mail (consul.mfa-rso@yandex.com), além do visto russo de dupla ou múltipla utilização. Mas atenção: Ossétia do Sul está em um cessar-fogo com a Geórgia agora, mas os países estavam em guerra há pouco tempo.