Tá ligado?

De cada mil reais gastos em publicidade no Brasil, R$ 700 seguem para os cofres das emissoras de televisão aberta. O tempo de propaganda eleitoral na TV costuma ser decisivo para estabelecer a posição de cada candidato nas pesquisas e o resultado da própria eleição. Apesar de ter se notabilizado como pioneiro no uso efetivo e constante da internet para se eleger, a verba investida em televisão pela campanha de Barack Obama no último pleito presidencial americano foi várias vezes superior ao montante gasto on-line. 

No maior encontro mundial de comunicação, a AdWeek, realizada no início de outubro em Nova York, ouviuse um dado que diz muito sobre nosso atual momento de transição: na média, um cidadão americano fica diante da TV oito vezes mais tempo do que se dedica à internet. Porém, esse tempo diminui 2% para a TV e aumenta 267% para a web a cada ano. 

Na festa que fechou uma das noites do evento (em que as palavras conteúdo e digital eram uma espécie de mantra entoado unanimemente por quem não queria ver sua data de validade profissional vencida), até os convidados mais ilustres se acotovelavam para conseguir um selfie ao lado de um dos homenageados da noite, o comediante Jerry Seinfeld – celebrizado e colocado no panteão da eternidade pela velha e boa TV.

It’s the end of TV as we know it… parafrasear a canção, além de uma tentação irresistível, poderia ser uma boa forma de definir o que vivemos. Mas a revolução parece ser bem mais profunda e interessante do que isso. Enquanto o mundo digital se expande de forma viral, o vídeo se mostra cada vez mais fundamental como ferramenta para esta expansão, e a televisão, ainda que possa agora ser carregada no bolso do jeans, segue fi rme como uma das principais fontes a alimentar o universo da internet. 

Como dizem, transição é um período em que as coisas já não são como costumavam ser e ainda não ficaram como serão. Talvez esse seja inclusive o estado a que estamos condenados ou, numa visão mais otimista, do qual vamos desfrutar daqui por diante. Veremos. E provavelmente, por um bom tempo, pela televisão.