A elite mundial dos surfistas de corpo se reúne no Havaí
Há muitas teorias que visam explicar a origem do surfe e, embora elas sejam diferentes em múltiplos aspectos, é voz corrente que o esporte se originou na Polinésia e que antes de haver o surfe em canoas ou tábuas de madeira, houve o surfe com o corpo, hoje chamado de bodysurf - ou, como aprendemos ainda na infância, o aventurado "jacaré". Ao que consta, nossos ancestrais tiveram a idéia de deslizar sobre as águas que arrebentavam na costa quando viram golfinhos brincando nas ondas.
O curioso é que o bodysurf, ao contrário do surfe em pranchas, nunca evoluiu competitivamente, conservando toda a pureza do esporte: a íntima e quase sagrada relação entre o ser humano e o mar. Até por isso ele é considerado por muitos como a suprema forma de surfar. Sob esse manto estão reunidos no North Shore havaiano os 48 melhores surfistas de corpo do mundo para a disputa do Pipeline Bodysurfing Classic.
O encontro anual é o mais badalado da temporada, até porque ele acontece na lendária Pipeline. Para deixar a brincadeira mais interessante, os craques do jacaré organizam uma disputa nos moldes daquelas realizadas entre surfistas profissionais, ainda que o espírito competitivo seja completamente diferente daquele que se vê nos circuitos do WCT e WQS.
Enquanto você lê estas linhas, a elite mundial dos surfistas de corpo, composta por 48 homens está reunida pela 34ª vez em Pipe esperando o sinal verde para cair no mar. O período de espera vai até 4 de fevereiro e estima-se que um swell maior do que nove pés chegue a tempo de protagonizar o espetáculo.
O atual campeão é Mike Stewart, ele mesmo, o ícone do bodyboard, que, em 1988, junto com Ben Severson, foi o primeiro a surfar na temida onda de Teahupoo, Taiti, num dia grande, e é considerado por muitos experts o melhor "surfista" em Pipeline.
Enquanto a pureza do esporte é celebrada no Havaí, a Associação de Surfistas Profissionais divulga alterações no formato das disputas do WQS masculino. A maior novidade é o duelo homem a homem a partir das quartas de final nos campeonatos de cinco e seis estrelas. Além disso, haverá limite de inscritos e, com isso, o "seeding", posição no ranking no ano anterior ganhará importância.
As mudanças, segundo a ASP, estão sendo debatidas desde julho do ano passado e visam deixar o WQS ainda mais competitivo. A primeira etapa relevante, o cinco estrelas Hang Loose Pro, acontece em Fernando de Noronha (PE), após o carnaval. Neco Padaratz inicia a temporada defendendo o título.
Já na primeira divisão do circuito feminino, a boa novidade será uma etapa a mais no calendário e a volta da parada em Bells Beach, na Austrália. Tita Tavares e Jacqueline Silva chegam com boas chances de trazer o caneco, que atualmente descansa nas mãos da peruana Sofia Mulanovich, para o Brasil.
NOTAS
CALENDÁRIO SUPER SURF
O circuito brasileiro profissional terá cinco etapas, com início em abril na praia do Rosa (SC) e final, em outubro, em Ubatuba (SP). A novidade será a etapa da Costa do Sauípe (BA).
CAMPEONATO DE SKATE NO RIO
Começa hoje na Lagoa Rodrigo de Freitas o Oi Vert Jam, que em 2006 pode virar etapa do Mundial. O casal campeão dos X-Games, Sandro "Mineirinho" Dias e Fabíola da Silva (in-line), são destaques.
CAMPEONATO BRASILEIRO DE SURFE A REBOQUE
Deve acontecer ainda neste semestre, em Maresias, SP. Entre os convidados estão Eraldo Gueiros, que pegou um tubo impressionante, e Jorge Pacelli, que surfou a maior, na última sessão em Jaws, Havaí.