por Luiz Alberto Mendes

Crônica das últimas notícias, sem poesia ou literatura, na lata mesmo: máfia, família e cocaína

SEMANA

 

Vou aqui começar uma espécie de crônica das notícias da semana. Poderei entrar todos os dias, caso apareça algo que me chame atenção. Tentarei ser preciso, conciso e direto. Aqui é sem poesia ou literatura, na lata mesmo.

 

Primeiro fato: Com o objetivo de criar instrumentos para punir pais ou mães que incitarem o filho a odiar o outro, a Câmara dos Deputados podem ter aprovado ontem, na Comissão de Seguridade Social e Família, o projeto de lei do Deputado Regis de Oliveira que regulamenta e estabelece punições para casos de Alienação Parental (esse é o nome usado juridicamente). Somente quem passou ou passa por problema de tal gravidade, pode avaliar o quanto essa lei é necessitada. Esse tipo de ação covarde (porque manipula quem ainda não possui capacidade crítica para julgar) prejudica muito mais as crianças do que a vítima-alvo propriamente dita. Raiva e ódio, desde sempre, cegam. A pena máxima de tal projeto de lei seria a perda da guarda do filho pelo pai responsável por tal crime. Acredito que esta lei, sendo aprovada, vai beneficiar ou desmascarar muita gente.

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Segundo fato: O Governo de Minas Gerais, em parceria com a Federação das Indústrias de Minas, lançou programa que visa incentivar a contratação de ex-presidiários pelas empresas. O Governo pagara dois salários mínimos por mês por dois anos, por cada ex-detento empregado pelas empresas conveniadas. Cerca de 36 empresas, incluindo as maiores indústrias do Estado, já se incorporaram ao programa. Cada empresa terá direito a 5% de seus funcionários conveniados a este programa. Na primeira etapa do programa, serão abertas 600 vagas. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Serviço Social da Indústria (SESI) arcarão com os custos da qualificação profissional desse povo. O Brasil é um dos únicos paises ditos “modernos” que não possui legislação que obrigue o Estado a proteger o homem egresso das prisões. Programas assim deviam ser criados em caráter nacional. O Estado de São Paulo, onde esta boa parte dos presidiários do país, não possui um programa nem ao menos parecido com este. Por conta disso, o índice de reincidência é de 75%. O preconceito é absoluto. Ninguém emprega quem já teve problemas com a Justiça, eles não querem nem saber o que aconteceu. Na maioria das empresas essa é uma regra do departamento de RH. Como poderá sustentar seus filhos um homem egresso das prisões? É como jogar uma bomba para o alto e esperar que ela se transforme em uma pomba e saia voando para explodir em outro lugar.

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Terceiro fato: O Jornalista Marcos Sá Corrêa, lá da Itália nos dá conta de que as propriedades dos chefões da máfia, quando eles caem nas mãos do governo, viram parques públicos. Algumas se transformaram em cooperativa para produtos biodinâmicos, restaurantes de produtos naturais e agroturismo. Uma outra se transformou em um centro hípico, gentileza da máfia siciliana. No Brasil, dinheiro mal ganho é o que menos falta. Lava-se uma quantidade incalculável de dinheiro sem procedência legal. O que falta é apreendê-lo. Depois, faltam também programas para usá-lo convenientemente e administradores que não se transformem em donos e senhores. Meus parabéns aos idealizadores e implementadores deste projeto tão significativamente social.   

 

Quarto fato: Os jornais de hoje apontam para o fato de que cerca de 890 mil brasileiros são usuários de cocaína. Afirmam que, embora a produção do produto tenha caído 15% por conta de colaboração e políticas internacionais, a maior queda registrada em 5 anos, e o consumo tenha caído na maior parte dos países, no Brasil o consumo quase dobrou. De 0,4% da população do país, cresceu para 0,7% em 3 anos. As apreensões de crack triplicaram. Esse descompasso é explicado pelos técnicos pela melhora da situação econômica. Muitos foram inseridos na classe média ultimamente (segundo a Fundação Getúlio Vargas, somam 51% da população). Mais dinheiro, mais mercado para droga. A outra explicação é de que o uso de substâncias tidas como ilícitas é medida pelas apreensões de drogas efetuadas pela polícia e pelos atendimentos dos serviços de saúde. Como esses dois setores foram melhor estruturados pelo Governo atual, isso implicou em mais estatística sobre o assunto. Não sei, mas acho que devem existir razões mais poderosas. Bertold Brecht afirmava que “A miséria e a desgraça não vem como a chuva que cai do céu. Vem através daqueles que tiram lucro com isso.” Acredito que deve ser por ai.

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Bem, por essa semana é só. Se me suportarem, prometo intervir durante os dias seguintes.

Grato.

 

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