Lembranças dolorosas.
Percebo agora que algumas lembranças dolorosas, que nos feriram indelevelmente, são inapagáveis. Vão ficar para sempre e doer quando lembradas. Sofrimentos terríveis que nos causaram; dores pelas quais fomos responsáveis... Não posso recordar de alguns momentos em que estive imerso no parodoxismo da dor, sem sofrer tudo novamente. Particularmente as humilhações, aquelas que me colocaram abaixo de minha humanidade. Já não sinto ódio ou raiva daqueles que as causaram; mas ainda lágrimas quentes deslizam sobre meu rosto, embaçando a visão. Vai amenizando no tempo, embora o tempo só esteja cheio de tempo. A maturidade vai nos ensinando que fizemos apenas aquilo que podíamos e anistia nossos arrependimentos. Quando me questionam (e essa é uma pergunta recorrente) se me arrependo de meus crimes, afirmo que não. Hoje sei que não saberia fazer diferente na época. Fiz o melhor que pude com o que tinha. Na verdade, não há muito o que fazer quanto a isso a não ser aprender a não fazer novamente. Acredito que é preciso cultivar bondade e generosidade para com os outros e conosco mesmo, para aceitar o que aconteceu e seguir em frente. Afinal, apesar de, continuamos vivos, cheios de compromissos, contas a pagar, bocas a sustentar e temos um mundo de coisas a viver, fazer e pensar...
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Luiz Mendes
11/12/2013.