Reflexões sobre a leitura

por Luiz Alberto Mendes

Os plebeus, assim como as mulheres e os escravos, eram proibidos de aprender a ler

Reflexões  sobre  a  Leitura

 

Ler era privilégio dos nobres e ricos. Os plebeus, assim como as mulheres e os escravos, eram proibidos de aprender a ler. Hoje temos as mulheres devorando os livros. A maioria das pessoas ligadas à cultura e ao projeto de expansão cultural é do sexo feminino. São as mulheres que compõem a maioria nas classes de Pedagogia, Letras e demais matérias de humanas nas Universidades. Plebeus e escravos hoje pertencem a uma única classe; a trabalhadora. E, se antigamente o dicionário era considerado o pai daqueles que ignoravam hoje o livro é o pai daqueles que não têm a fortuna de nascer em um lar rico.

 

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Para nós, seres do instante, ler é outra forma de viver. A vida que temos não dá para tudo o que queremos. E ler não é somente interpretar símbolos e signos e sim viver muitas vidas. Vivemos em uma sociedade de intercomunicação que só nos mostra a aparência da realidade. Ler é também aprender a decodificar a aparência demonstrada para recompor com a realidade vivida.

 

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Como a criança teme a escuridão porque nada sabe dela, tememos a solidão porque pouco ou nada sabemos a respeito de nós mesmos. E não nos sentimos menos sós quando acompanhados. O outro só existe depois que sabemos de nós mesmos e formos capazes de nos enxergar. Até lá o outro para nós é objeto, como diria Sartre. O cultivo do íntimo, da busca de saber de nós e dialogar com o que sabemos de nós, vêm da leitura. Quanto mais lermos, mais aptos e íntimos ficamos da leitura de nossas vidas. Então, a solidão se tornará um segmento muito importante no desenrolar de nossos dias.

 

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O livro é proteção. Estar envolvido com livros é como estar sobre a proteção do esforço de milênios de civilização e sociedade. Optar por viver com os livros é escolher viver no mundo das idéias que causam os grandes acontecimentos. Os grandes livros escritos pelos Filósofos Iluministas, como Voltaire, Rousseau, Condillac, Diderot, D’Alembert, Montesquieu, Holbach, só foram acontecer depois de um século de leituras, na Revolução francesa que mudaria o mundo. Quem lê, esta sob a proteção do que nossos antepassados buscaram nos deixar.

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Luiz Mendes

03/03/2010.

 

 

 

  

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