Posições: física/romântica acerca de sexo

por Luiz Alberto Mendes

 

Os Conselhos do Papa

 

O Papa Bento XVI, recentemente, entre outras coisas, recomendou aos jovens para que não se adaptem a um tipo de amor reduzido a mercadoria, a ser consumado sem respeito por si e pelos outros. No momento, estava em discussão a questão do aborto. Os jornais noticiaram que as recomendações papais ajudaram aqueles que trouxeram a discussão do aborto à tona. Ficou claro para muitos que a disputa presidencial foi para o segundo turno por conta de tais polêmicas.

Não vou entrar nessas discussões. Não sou chegado em política, embora consciente de que deveria ser. Minha discussão é sobre comportamento. Vamos conversar rapidamente sobre sexo.  

Talvez sexo seja como realização pessoal; há muitos caminhos e talvez alguns inexplorados. Mas creio que há duas posições principais que divide opiniões. A primeira fala sobre sexo espiritualizado. Fruto de afeto e amor. Quase um carinho mais profundo, romântico, talvez. Essa é a posição religiosa bastante aberta. Não fala de virgindade ou casamento, embora implícito. Imperou como ideal a ser alcançado durante quase toda a trajetória humana. Essa é também uma posição social por conta do ideal familiar da sociedade.

Creio que o impacto de duas guerras mundiais trouxe a humanidade para sua realidade mais visceral, eliminando um pouco de sua hipocrisia funcional. Então se inicia a chamada revolução sexual, que vai ter em Reich, que fora assistente de Freud, seu maior expoente. Nasce daí a outra posição que vê o sexo como algo natural, como qualquer das outras necessidades fisiológicas humanas. Culpa a cultura por haver desvirtuado a função sexual de sua origem natural, vinculando-a ao sentimentalismo.

Essa segunda posição expõe que a privação da libido enfraquece o instinto da vida, nos mergulhando na melancolia e depressão. Freud vem dizendo isso em seus livros a quase um século. E ele radicaliza afirmando que a falta de sexo leva o ser humano à agressividade desmedida e compulsória, provocando a autodestruição.

Assim, para não polemizar porque o espaço é rápido e ninguém tem tempo para ler muito, creio que a melhor posição seria algo entre as duas. Realmente sexo é uma necessidade física, mas como uma mulher, por exemplo, vai abrir seu corpo para a entrada de outro corpo estranho, sem que haja uma atração além da física? Como construir a intimidade que, da relação amorosa é, talvez, o bem mais precioso? Teríamos que mudar tudo, pois a mulher tem sido educada para construir sua sexualidade junto a seus sentimentos mais delicados e profundos. Por quê? Porque é mãe. Não justifica. A maternidade será ultrapassada no tempo. O sacrifício feminino será deixado para trás.

O homem já vem sendo educado para derrubar, para “passar o rodo” em todas que conseguir. Será que essa diferença cultural entre os sexos tem a ver com a sobrevivência da espécie? Porque são as mães, mulheres portanto, que educam os homens. Seria mais lógico que educassem para amá-las condignamente, ou não? Há cientistas sociais afirmando que se o crescimento da humanidade estivesse nas mãos da mulher, nós já estaríamos extintos há milênios. Ou será porque é ele quem faz as leis e impõe os costumes criando uma sociedade somente a seu favor, machista? Seremos tão egoístas assim?

Estaremos prontos para amar sem motivo e viver nossos prazeres sem vínculos? É a questão que resta.

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Luiz Mendes

03/11/2010.

 

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